Miss prisional 2018

‘Um dia de liberdade’ na penitenciária

Concurso reuniu seis finalistas, que desfilaram no Complexo Estevão Pinto, em BH

Por Clarisse Souza
Publicado em 09 de dezembro de 2018 | 03:00
 
 
Moisés Silva

A auxiliar administrativa Cláudia Pereira da Silva, de 43 anos, não conteve o choro ao subir ao palco para coroar a filha Ingrid Suellen da Silva Dias, de 24, eleita Miss Prisional 2018 nessa sexta-feira. “Sou mãe de miss”, celebrou ela, ao falar da filha que foi destaque do concurso de beleza promovido pela Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) no pátio do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, no bairro Horto, região Leste da capital.

Por algumas horas, o lugar de banho de sol ganhou ares de passarela , com direito a desfile com roupas de gala, muitos flashes e trilha sonora ao vivo para receber as finalistas de seis regionais do Estado. “Um dia de princesa”, avaliou Rayssa Ferreira Maia, de 24 anos, que ficou em segundo lugar.

Ainda nos bastidores, a grande vencedora já esbanjava confiança. “É uma sensação muito gostosa de emoção à flor da pele, de um dia de liberdade”, comemorou a detenta antes mesmo de subir à passarela. Condenada a 13 anos por homicídio e cumprindo pena há cerca de um ano, ela viu no concurso uma chance de refletir sobre o que pretende fazer quando sair da cadeia. “Daqui eu já começo a fazer planos de novas escolhas”, disse a detenta, que pretende se tornar esteticista e “dar muito orgulho” à mãe.

A vitória dela, que representava a penitenciária que sediou o evento, fez as colegas de cela vibrarem com a escolha dos jurados. Para a mãe de Ingrid, a única tristeza é ter de coroar a filha dentro da prisão. “Fiquei muito feliz por ela. Só não queria que fosse aqui (na cadeia)”, observou Cláudia Pereira.

Para a subsecretária de humanização do atendimento da Seap, Louise Bernardes Passos Leite, o principal benefício do Miss Prisional é dar às detentas a oportunidade de sair um pouco da rotina do cárcere e olhar para si mesmas. “Foi um projeto de empoderamento, de valorização da mulher”, explicou ela.