Reykjavik

Conheça a capital islandesa de nome estranho e atrativos curiosos

Reserve dois dias para explorar a compacta cidade; destino tem atrações inusitadas como a Harpa, a Hallsgrímskrikja e o Phallo Museum

Por Paulo Campos
Publicado em 10 de novembro de 2018 | 04:00
 
 
Visão de Reykjavík no inverno, com crianças brincando de patinar no gelo; período também é propício para observar a aurora boreal Visit Iceland/Divulgação

Mais próxima do Reino Unido, a Islândia está a três horas de voo a partir do aeroporto de Heathrow, em Londres. O incômodo são as conexões – na tarifa mais econômica, pela British Airways, é necessário uma espera de quatro horas no terminal de Guarulhos (SP) e mais sete horas na capital britânica antes de pegar o voo – para o aeroporto internacional de Keflavík, localizado a 45 minutos da capital, Reykjavík. Em agosto deste ano, data da minha viagem, 329.462 pessoas desembarcaram em Keflavik, contra 123.511 do mesmo período de 2008. Em dez anos, o volume de turistas na Islândia praticamente triplicou.

O percurso até Reykjavik é marcado por uma imagem – a bandeira com as cores do arco-íris hasteada em muitos edifícios públicos. De 4 a 9 de agosto, é comemorada oficialmente a Semana do Orgulho LGBT. O país legalizou o casamento homoafetivo em 2010, mas desde 2006 os LGBTs podem adotar crianças, realizar cirurgias de transgenitalização gratuitas e tratar a disforia de gênero, termo técnico usado para o desconforto que algumas pessoas têm com o gênero designado em suas certidões de nascimento.

No caminho até a capital, paisagens se repetiram em boa parte de minha permanência no país – montanhas altas no horizonte, barcos coloridos estacionados nos vilarejos litorâneos, rios a cortar imensas planícies, estradas margeadas por vegetação rasteira e rochas vulcânicas, fazendas com fardos de fenos e muitas ovelhas.

Na chegada a Reykjavík, outra surpresa – a arquitetura de prédios baixos, em formato de caixote, singelos e com telhados coloridos. As exceções são a Hallgrimskirkja, cartão-postal da cidade, com suas colunas em basalto, e o Harpa Concert Hall, com sua fachada de ferro e aço que se altera com a incidência da luz do sol.

Walking tour

O turismo local oferece um walking tour gratuito pelo centro histórico, com agendamento pelo site citywalk.is e contribuição voluntária mínima de 1.000 ISK (R$ 32). Os guias utilizam de informação e tiradas cômicas para entreter os participantes. O percurso passa por pontos tradicionais, entre eles o lago Tjörni, com o edifício moderninho da prefeitura, a ponte e a National Gallery, a rua comercial Laugavegur, a colina Arnarhöll, local de fundação da cidade, a escultura Solfar Sun Voyager, ponto disputado para selfies, e a Höfoi House, onde os presidentes russo Mikhail Gorbachov e norte-americano Ronald Reagen se reuniram em 1986 para dar fim à Guerra Fria.

 

Capital islandesa se prepara para ter o primeiro cinco estrelas

O turismo na Islândia explodiu nos últimos anos, mas a ficha ainda não caiu para os habitantes. Esse crescimento desenfreado reflete hoje na capital. A rede Marriott está erguendo um hotel cinco estrelas ao lado da Harpa – até então a cidade não era dotada de hospedagens de luxo.

O país, que tinha 96 hotéis em 2015, hoje ampliou para 156. Boa parte dessa expansão se deu na capital, base para os turistas na Islândia. Reykjavík passou de 38 para 57 hotéis nos últimos três anos, sem contar os quartos oferecidos pelo Airbnb.

Nossa hospedagem foi estratégica, no Radisson Blu Saga, no coração da cidade, próximo à Austurvöllur, a praça onde se localiza o parlamento, a catedral e um dos típicos restaurantes de culinária islandesa, o Apotek (apotekrestaurant.is).

A hospedagem é cara na Islândia. Os preços variam de R$ 250 a diária, em hotéis econômicos, a R$ 900, em hotéis intermediários, dependendo da localização, do nível de conforto e dos serviços oferecidos.

“Você não paga um jantar em um restaurante com 50 euros (cerca de R$ 212)”, adverte o guia Marcelo Pellegrino. Uma sopa de carne e legumes no Café Loki, em frente à Hallgrimskikja, custou 27 euros (cerca de R$ 114), sem bebida. Há restaurantes que servem o melhor cordeiro do mundo e peixes, além de opções vegetarianas e veganas.

 

215 exemplares de falos de animais

O islandês Sigurdur Hjartarson começou a colecionar pênis quando tinha 33 anos e já reuniu em seu acervo 215 exemplares. A coleção está exposta em um museu de Reykjavík. O Iceland Phallological Museum (pahllus.is) é o único do gênero no mundo. E não pense que o museu tem conotação erótica; ao contrário, é mera curiosidade. A proposta é mostrar aos visitantes como são os falos de animais mamíferos e aquáticos.

Ao adquirir o ingresso, o visitante recebe informações em diversos idiomas para se autoguiar pelo espaço, que é dividido em seções. São 57 espécies diferentes de baleias, uma apenas de urso polar, 30 pertencentes a sete tipos de focas e morsas, 115 falos de 46 tipos de mamíferos e um único pênis humano, além de fichas certificadas de quatro espécies de homo sapiens. Tudo em um espaço de três salas pequenas.

Como o islandês não perde o humor, há uma sala dedicada a uma divertida sessão folclórica, com supostos pênis de seres mitológicos, como elfos, duendes, cavalo-aquático, Papai Noel islandês, fantasma de Snaefell, gigante da montanha, homem-sereia e touro-marinho. Na parede, uma caixa com moldes de pênis prateados presta homenagem aos jogadores de handboll da Islândia – a seleção ganhou medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

 

Arbaejarsafn

As famosas casas de grama

Arbaejarsafn (borgarsogusafn.is/en/arbaer-open-air-museum) é um museu folclórico a céu aberto nos arredores da cidade. Ele reproduz o modo de vida em uma fazenda no século XIX. A visita passa pela casa dos senhores, a igreja, o estábulo, o ancoradouro e a vila onde morava os empregados. A curiosidade são as casas de turfa tradicionais com telhados verdes, material que cria perfeito isolamento térmico no inverno. Quem nos leva para conhecer os espaços é o guia Thor, vestido a caráter como um viking.

 

Traslado

Flybus. Para se deslocar do aeroporto de Kelflavík a Reykjavík, você pega o ônibus executivo Flybus (re.is/flybus). O bilhete custa 2.950 coroas islandesas (R$ 92,03). Para ser levado direto para seu hotel, o preço é 3.950 coroas islandesas (R$ 123,23). Pode-se comprar direto no site. Os ônibus saem de 25 em 25 minutos.

 

Raio X da Islândia

Área: 103 mil km2

População: 350 mil habitantes

Moeda: Coroa islandesa (ISK)

1 US$ = 112 ISK / 1 euro = 135 ISK

Idioma: islandês, mas fala-se inglês

Comida típica: peixe (selfish), carne de baleia e de cordeiro

Religião: Catolicismo

Companhia aérea local: Iceland Air

 

Atrações pagas

Hallgrimskirkja. 8 euros (R$ 34,43)

Phallus Museum. 8 euros (R$ 34,43)

Arbaejarsafn Museum. R$ 51,39

Observação de baleias. US$ 100 por pessoa

Caçada à aurora boreal: 70 euros (R$ 301,14) por pessoa

Guia em português: + 354 867-197

 

City Card

Visit Reykjavík. Entrada gratuita em museus, no zoo, nas piscinas termais, nos ônibus e na balsa para a ilha histórica Viðey, além de descontos em restaurantes, shows, atrações e passeios. Preço: 3.800 ISK (R$ 118,38) por 24 horas, 5.400 ISK (R$ 168,23) por 48 horas e 6.500 ISK (R$ 202,49) por 72 horas. visitreykjavik.is/city-card.

 

A igreja

Cartão-postal da cidade

A catedral é a Hallgrímskirkja, igreja luterana que está no ponto mais alto de Reykjavík. O conselho é subir na torre da igreja gótica para ter uma visão 360º da cidade e de seus telhados coloridos. Procure se informar dos concertos na igreja para presenciar o som produzido pelo órgão de 5.275 canos.

 

Cachorro-quente

Com elogios de Bill Clinton

Se a fome bate, prove o cachorro-quente Bæjarins Beztu. A linguiça leva carne de cordeiro e é cozida em cerveja de baixo teor alcoólico. Ele não tem nada de especial, a não ser o fato de ter sido elogiado pelo ex-presidente Bill Clinton como “melhor hot-dog da cidade”.

 

Museu Nacional

Para entender ahistória do país

Dos atrativos mais distantes do centro está o no Museu Nacional da Islândia, que conta um pouco da história do país. Entre os 2.100 itens, raridades como a primeira Bíblia impressa, em 1584, uma porta de igreja em estilo românico do século XIII e estátuas do deus Thor.