Uma menina sentada em um altar ornado com flores oferece rosquinhas a um transeunte. Duas outras – também trajadas com roupas coloridas – se unem a ela para se misturarem à aglomeração de pessoas. Ora ou outra, substituem roscas por vinhos e flores. Na rua estreita, ao som de valetes e seguidilhas, uma banda arrasta um festivo grupo. Em uma das esquinas, homens e mulheres vestidos à caráter ensaiam uma dança folclórica. Tudo no mais puro ambiente de Goya.

A cena – que muito bem poderia estar em um filme de Pedro Almodóvar – acontece no bairro de Lavapiés, o multicultural bairro de Madri, em frente à centenária igreja de San Lorenzo. Percebo que cheguei à capital espanhola num momento de festa. É a abertura da primavera, quando os jardins começam a florescer, o sol brilha intenso e as ruas se enchem de gente à procura de um pouco de animação. No Paseo do Prado – bulevar que conecta o Paseo de La Infanta Isabel ao Paseo de Recoletos –, casais engatam uma dancinha ao som do jazz no projeto International Jazz Day.

Los Mayos

De abril a maio, Madri revela seu lado mais festivo e acolhedor. Sete dias depois da Fiesta de los Mayos, os madrilenhos celebram, durante uma semana, o seu padroeiro em 15 de maio, San Isidro, mostrando ao visitante sua característica mais marcante: a hospitalidade. Neste ano, a festa do santo contou com mais de 200 eventos e atividades em 19 palcos espalhados pela cidade, entre eles Plaza Mayor, Parque del Retiro, Templo de Debod, Jardín de las Vistillas e Plazas de la Villa e de Oriente.

A primavera também coincide com o início da temporada de touradas na Espanha. Embora perca espectadores a cada ano, assistir a um espetáculo na Plaza de Toros, espaço similar a um estádio de futebol, é uma experiência única e inédita para a maioria dos turistas. Quase toda cidade espanhola que se preze tem uma arena – a de Madri é a Las Ventas. Mesmo que você não “participe” do embate entre toureiro e touro, os espaços oferecem curiosos tours guiados pelo espaço.

Primavera também significa usufruir de temperaturas amenas – o verão deste ano está esturricando os europeus e esvaziando as cidades – e programações culturais intensas. Na capital espanhola, é possível percorrer 300 anos da história de arte em uma caminhada pelo Paseo do Prado, vasculhar rooftops em busca de happy hours animados e de uma vista privilegiada e aproveitar a subida da Gran Via para visitar os tradicionais cartões-postais.

Dos 8 milhões de pessoas que passam todos os meses pela Plaza Mayor, a maioria é de turistas. Pontuada de lojinhas de suvenires, cafés e restaurantes – e não pense que eles são caros –, a imensa praça retangular, toda rodeada de edifícios de três andares e nove pórticos, é o ponto de partida para se conhecer a capital espanhola.

Museo del Prado comemora 200 anos bem-vestido

Outro ponto de partida é a estação ferroviária de Atocha, localizada ao lado do Museu Reina Sofia, um portentoso edifício que virou centro cultural gratuito, com excelentes exposições temporárias, embora a maioria dos turistas o procure apenas para contemplar “Guernica”, o famoso quadro de Pablo Picasso.

Do Reina Sofia ao Museo del Prado caminha-se pelo Paseo del Prado, podendo parar no Museu Thyssen-Bornemisza e CaixaForum, o primeiro dedicado aos clássicos espanhóis, e o segundo, à arte contemporânea. No Museo del Prado, filas gigantescas assustam os desavisados, portanto compensa comprar o ingresso com antecedência.

Para honrar o bicentenário em 2019, o museu mais famoso da Espanha organizou uma celebração que vai durar todo o ano. O impressionante edifício neoclássico projetado pelo arquiteto Juan de Villanueva e aberto em 1785 foi quase completamente coberto por tecidos, numa parceria com a famosa loja El Corte Inglês. 

Em meses, o edifício será desembrulhado para revelar a fachada restaurada. No interior estão salas dedicadas aos espanhóis Velásquez, Goya (com suas pinturas negras) e El Greco, galerias dedicadas à renascença italiana e obras de Rafael, assim como trabalhos de Rubens, Fra Angelico, Picasso, Van Diyck, Rembrandt, Breughel, Tintoretto e Ticiano.

Algumas obras não podem ser ignoradas, como “As Meninas”, de Velázquez, “A Deposição da Cruz”, de Rogier van der Weyden, “A Maja Desnuda” e “A Maja Vestida”, de Goya, “O Jardim das Delícias”, de Bosch, “Davi Vence Golias”, de Caravaggio, “Escunas de la História de Nastsgio degli Onesti”, três quadros de Boticelli e “O Batismo de Cristo”, de El Greco.

Puerta del Sol

O Urso e o Medronheiro

Da Plaza Mayor se chega à porta do Sol, área com maior aglomeração de pessoas no centro histórico, onde artistas de rua, ambulantes e pessoas vestindo fantasias de personagens da Disney se misturam a carteristas – os ladrões de carteiras e bolsas. O guia solicita muito cuidado nessa zona. Na entrada da Calle Alcalá está a estátua do urso que apoia suas garras em um arbusto chamado madroño, o símbolo de Madrid e um dos monumentos mais fotografados da cidade.

Palácio Real

O maior de toda a Europa

Recomendo ainda em Madri um tour guiado no Palácio Real – perto dali está um vestígio greco-egípicio, o Templo de Debod – e um relax no Parque del Retiro, a imensa área verde que domina a área mais nobre da cidade. Erguido pelo rei Felipe V entre 1738 e 1751, o palácio tem 4.318 quartos e magníficos salões (trono, banquete e porcelana), tetos e escadaria. O tour guiado finaliza na coleção de armas

San Miguel

Pequeno, mas imprescindível

O melhor na região próximo à Plaza Mayor é visitar o Mercado de San Miguel, uma estrutura de ferro e vidro do século XVII e reformada em 2009. O ambiente é animado nos finais de tarde – o preço é um pouco salgado, mas vale experimentar as tapas, os camarões em porções generosas, as trufas e o jamón ibérico (presunto), acompanhado de cervejas artesanais ou uma taça de vinho.

 

Dez programas imperdíveis em Madri

1. Plaza Mayor

No centro histórico está a praça que evoca o passado imperial da capital espanhola;

2. Paseo el Arte

Nas imediações do Paseo del Prado estão os principais museus da cidade – Prado (15 euros), Thyssen-Bornemisza, Reina Sofia, CaixaForum e Arqueológico;

3. Gran Via

A mais famosa avenida da cidade tem lojas de grife e é uma vitrine de estilos arquitetônicos;

4. Mercado San Miguel

Para degustar os sabores da culinária espanhola;

5. Bate-volta a Toledo

A cidade a 72 km de Madri foi a primeira capital da Espanha;

6. Parque del Retiro

Magnifica área verde repleta de esculturas, monumentos, lagos e palácios;

7. Palácio Real

O maior palácio da Europa foi residência dos reis da Espanha até 1931 e tem tour de visitação (14 euros);

8. Chueca e Malasaña

O primeiro é boêmio; o segundo, palco da Movida Madrileña, movimento contracultural que se seguiu ao fim do franquismo;

9. El Rastro

Maior feirinha ao ar livre da cidade, nos arredores da Plaza de Cascorro;

10. Templo de Debob

Único vestígio da arquitetura greco-egípcia na cidade.

 

Onde se hospedar

AC Hotel by Marriott Cusco

Paseo de Castellana, 133, a cinco minutos do estádio Santiago Bernabeu. Diárias a partir de 93 euros ou R$ 397 (*).

Hotel Agumar

Paseo Reina Cristina, 7, próximo da estação Atocha e da zona turística dos museus. Diárias a partir de R$ 328 por pessoa (*).

AC Hotel by Marriott Carlton Madrid

Paseo de las Delicias, 26, próximo ao Parque del Retiro. Diárias a partir ¤ 88 ou R$ 375 (*)

Ok Hostel Madrid

Calle de Juanelo, 24., próximo da Plaza Mayor. Diárias a partir de R$ 87 (dormitório misto com seis camas).

(*) Taxas para novembro 

 

Quem leva

Operadora

Brauer Turismo. Informações. (31) 3226- 7874 ou bauerturismo.com.br.

Pacote

Inclui oito dias de viagem com café, traslados, transporte em ônibus turismo, guia, visitas a Madri, Toledo, Mérida, Sevilha, Córdoba e Granada, seguro-viagem, passeio noturno em Madri e entrada em Alhambra. Aéreo sob consulta.

Preço

A partir de 675 euros (hotéis 3 estrelas) e a partir de 770 euros (hotéis 4 estrelas).

Saídas mensais

3, 10, 17, 24 e 31/08; 7, 14, 21 e 28/09; 5, 12, 19 e 26/10; 2, 9 e 23 /11; 7, 21 e 28/12.

 

Termômetro

Refeição
Entre 9 a 50 €

Hospedagem
Entre 70 e 500 euros

Onde comer:
(A típica comida espanhola a bons preços)

Churros. Toda hora é hora de churros, a típoca sobremesa, espanhola. Escolha os recheios de chocolate quente e doce de leite. Chocolatería San Ginés. Pasadizo San Ginés, 5, chocolateriasangines.com

Desayuno. O espaço é lindo e oferece um ótimo café da manhã.No terraço, pode-se tomar um brunch a 18 euros.  Nubel no Museu Reina Sofia. Calle Argumosa, 43, nubel.es

Gamba al ajillo e cocido madrileño. É como se chama o camarão na Espanha. Com a comida autêntica mdrileña, entre eles cocido, jamon ibérico, huevos, bacalao etc. Inaugurado em 1906 e decorado com azulejos, é focado no crustáceo. La Casa del Abuelo. Calle Victoria 9, lacasadelabuelo.es

Paella. O típico prato com frutos do mar ao preço de 19 euros. La Paella de la Reina. Calle Reina, 39, lapaelladelareina.com

Patatas bravas. Típica taberna madrilena autêntica. Casa Macareno. San Vicente Ferrer, 44, casamacareno.com

Tapas. Os típicos petiscos espanhóis, tudo acompanhado de sangria e vinho tinto. La Perejila. Calle Cava Baja, 25, facebook.com/pages/La-Perejila

Tortillas e croquetes. O prato principal espanhol com sabores criativos, com boas cervejas artesanais. Pez Tortilla. Calle del Pez, 36, peztortilla.com/malasana

Tosta. Comer tosta é uma tradição. É o pão coberto com algum recheio gostoso (queijo, camarão, polvo, salmão, jamón etc). El Capricho Extremeño. Calle Carlos Arniches, 30, facebook.com/pages/El-Capricho-Extremeño

Mercados. Escolha entre o alternativo Mercado de San Antón (calle Augusto Figueroa, 24B, Chueca) ou o clássico Mercado San Miguel (plaza de San Miguel, s/nº, centro).