Há dois anos quando embarquei para Natal (RN) tinha o interesse de explorar praias menos conhecidas do destino, para fugir um pouco do roteiro tradicional — Genipabu, Maracajaú, Pipa e São Miguel do Gostoso. A maioria dos turistas que viaja ao litoral sul potiguar finaliza o percurso no balneário de Pipa e não chega a visitar Barra do Cunhaú e Baía Formosa, destinos de águas calmas e cristalinas, sem a multidão que assolava na pré-pandemia os vizinhos famosos.
Baía Formosa, por sinal, teve seus minutos de fama nos últimos dias por conta do surfista Ítalo Ferreira, que ganhou a medalha de ouro na categoria nos Jogos Olímpicos de Tóquio. A antiga vila de pescadores de apenas 9.322 habitantes — segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020 — ainda vive da pesca e não vê muitos turistas desde 2013, quando a novela global "Flor do Caribe" exibiu imagens de suas belíssimas praias e dunas.
"Toda vez que o nome de uma cidade potiguar aparece na mídia, a procura é mais intensa", afirma Alice Barros, gerente de qualidade da Luck Receptivo. Segundo ela, o passeio faz parte do portfólio da agência, mas não é mais procurado pelos turistas. De Natal até Baía Formosa, o percurso de 98 km dura cerca de uma hora e meia.
Logo na entrada da cidade, com vista para a praia do Porto, está o mirante Baía dos Golfinhos, onde ocorreram as gravações da novela "Flor do Caribe". Os mirantes são muitos, por sinal, e as vistas, espetaculares. Principalmente para contemplar o pôr do sol na baía, salpicada de barquinhos coloridos. Às vezes, contam os locais, o turista avista os mamíferos. O núcleo urbano, localizada no alto de uma falésia, é cercado pelos paredões avermelhados e porções de Mata Atlântica preservada.
Surfistas como Ítalo Ferreira é o que mais se vê pelas ruas, a maioria com suas pranchas coloridas debaixo dos braços. O litoral potiguar é muito famoso pelos ventos fortes que produzem grandes ondas para esportes como surfe e kitesurfe. Os locais já se acostumaram com a presença de surfistas, inclusive os estrangeiros. As competições de surfe pipocam ao longo de todo o ano. A partir desta quinta-feira (29), o vilarejo sedia mais uma prova, a Maresia Pro Baía Formosa, até 1º de agosto.
Quem não curte a prática do esporte, pode alugar um buggy a R$ 320 para quatro pessoas no site da agência Anauê Receptivo. O passeio dura um dia passeio: o veículo acompanha a orla, passando pelas praias de Cacimba e Bacupari, com destino à praia de Sagi, na divisa com a Paraíba. A primeira parada é no Museu e Cemitério da Tartaruga Marinha, um centro de visitação do Projeto Tamar no Rio Grande do Norte. Prepare-se para ver ossadas de baleias, golfinhos, peixes e tartarugas-marinhas.
Do museu, segue-se para uma trilha na Mata Estrela, a maior porção preservada de Mata Atlântica no Rio Grande do Norte, com mais de 2.000 hectares. O bugueiro apresenta aos visitantes a árvore Pau Rosa, que produz uma perfumada seiva utilizada na composição do famoso Chanel n°5. O próximo pit stop é na lagoa de Araraquara, mais conhecida como lagoa da Coca-Cola, batizada com esse nome por conta de suas águas escuras, porém límpidas, devido a presença de iodo e ferro no solo.
No caminho, para dar um refresco, é hora de dar uma pausa na Cachaçaria e Pousada Nativos para degustar, gratuitamente, vários tipos de cachaça produzidas artesanalmente, com sabores dos mais inusitados. Sagi, o final do trajeto, é o nome do rio e do último vilarejo potiguar antes do turista atravessar a fronteira para a Paraíba. A agência Anauê Receptivo oferece nessa úlltima parada um opcional de canoa pelo manguezal, habitat natural dos caranguejos, com direito a banho de argila.
Na praia de Sagi, o cenário é realmente único: o encontro do rio com o mar, manguezais, uma tirolesa sobre uma lagoa, ao custo de R$ 10, e torres que produzem energia eólica, mais limpa, avistadas no alto do morro.
Hospedagem
Para se hospedar, a dica é a Chalemar Hotel & Pousada, que também serve de ponto de apoio para as agências de receptivo. O local incorporou ao projeto sustentável energia solar, madeira certificada e reutilização da água, além da área de extenso coqueiral. A infraestrutura é formada por 49 chalés standard de luxo, com configuração de até quatro pessoas, todos com vista para o mar. A diária está a partir de R$ 270 (standard) e 300 (luxo) o casal.
Quem quiser retornar a Natal, pode fazer uma refeição, não inclusa no passeio, no restaurante do Chalemar. A dica é um peixe (R$ 96), um filé ao molho (R$ 94) ou um frango grelhado (R$ 82,50). O local ainda oferece piscina e sombreiros para quem quiser apenas relaxar após o passeio.
Para o turista que pensa em se hospedar por duas ou mais noites na região, a dica é fazer um passeio na vizinha Barra do Cunhaú. Subindo de buggy um pouco no mapa, ao atravessar o rio Curimataú de balsa, na maré baixa, alcança-se o chamado "paraíso do kitesurfe potiguar".
Com o encontro do mar e o rio, a paisagem nesse trecho é de uma beleza ímpar. Na orla de Barra do Cunhaú, enfileiram-se são quatro praias — Barrinha, Boca da Barra, Pontal e Braço do Mar. Há, ainda, trilha para pegar caranguejo no mangue e a ilha da Restinga, porção de areiaem um braço do mar, para se deliciar com banhos refrescantes e relaxar em barraquinhas rústicas, comendo petiscos ou bebericando drinks.
Serviço:
Como chegar: Pegue a BR-101 e depois a RN-062. Baía Formosa fica a 98 km de Natal, 62 km de Pipa e 40 km de Barra do Cunhaú.
Onde ficar:
Chalemar Hotel e Pousada. Clique aqui para mais informações. Diárias a partir de R$ 270 (standard) e 300 (luxo) o casal.
Quem leva:
Anauê Receptivo. Clique aqui para mais informações. Transfer de Natal para Baía Formosa: R$ 65 (dinheiro) e R$ 70 (cartão de crédito). Passeio a R$ 320 (para quatro pessoas no buggy).
Luck Receptivo: Clique aqui para mais informações.