Índia

Explosão de tinta por ruas e vielas

Cada cor tem um significado diferente: azul é a cor de Krishna, verde simboliza a primavera e vermelho representa amor e fertilidade

Por Luiza Bandeira
Publicado em 21 de abril de 2018 | 03:00
 
 
Mulheres relatam abusos durante o Holi e a dificuldade em denunciar as agressões durante o festival das cores Luiza Bandeira/Agência O Globo

A noite anterior ao Holi relembra a história da fogueira, com dezenas delas espalhadas pela cidade. Na praça principal, ocorre a festa oficial, com danças típicas indianas em um palco precedendo a queima de fogos e o acendimento da fogueira. Mas vale a pena passear por Udaipur e ver as outras “holikas”, feitas pelos próprios moradores. Antes de acender a fogueira, os presentes rezam para que todo o mal dentro deles desapareça.

Mas é preciso estar alerta: o fogo se espalha rapidamente pela palha, e fogos de artifício presos à “escultura” explodem, forçando as pessoas em volta a correr, numa divertida brincadeira que, entretanto, pede atenção.

Na manhã seguinte, começa o festival das cores propriamente dito. Muitos usam roupas brancas e, em referência à história de Krishna, joga-se pó colorido, o gulal, nas pessoas e para o alto. O pó também lembra a chegada da primavera e as cores da estação. 
Cada cor tem um significado diferente: azul é a cor de Krishna, verde simboliza a primavera e vermelho representa amor e fertilidade.

Caminhe ao ar livre

A explosão de cores forma nuvens coloridas no ar. As batucadas e as pessoas dançando quase em transe um espetáculo inesquecível. Não vale a pena ficar só na praça principal. Pelas vielas, é possível se perder num mundo de cores, para deleite dos amantes da fotografia. Crianças usando pistolas para lançar água ou jogando balões do topo de prédios completam a diversão. O objetivo, quase sempre alcançado, é fazer a tinta grudar no corpo das pessoas.

No passado, o gulal era feito de material natural, como flores, mas hoje impera a versão sintética. Para a tinta sair mais facilmente, recomenda-se usar óleo de coco na pele e no cabelo antes da festa. Durante, é preciso dar atenção aos olhos e à boca – a turma não tem o cuidado devido com o rosto dos outros. Leve garrafa d’água, lenços e, se possível, óculos escuros que você não se importe de perder. O mesmo vale para as roupas, que depois da festa devem ir para o lixo. 

Durante a festa

Cuidado. Nos últimos anos, mulheres indianas têm denunciado casos de assédio durante o Holi. Segundo elas, o festival é usado por alguns homens para tocar seu corpo sem consentimento. O abuso é agravado por dois fatores: o primeiro é a tradição de que no Holi ninguém pode se chatear com a brincadeira, resumida no jargão “Não fique bravo, é Holi”.

Em grupos. Muitos jovens tomam uma bebida feita com cânabis chamada “bhang”. É possível se proteger do assédio andando em grupos, principalmente pela manhã, quando famílias e crianças estão nas ruas. Ao meio-dia, o clima fica mais intenso.