Costa Rica

Paraíso de gente feliz com paisagens exuberantes

Santuários ecológicos encantam os turistas de aventura com trilhas em meio a matas, rios de coloração quase indescritível e o belo mar do Caribe

Por Guilherme Ramalho
Publicado em 04 de novembro de 2017 | 03:00
 
 
Praia de Guiones é uma das mais procuradas pelos surfistas Guilherme Ramalho/Agência O Globo

Um oásis na América Central ainda pouco explorado pelos brasileiros, a Costa Rica é um prato cheio para os amantes de ecoturismo e de turismo de aventura. Exemplo de conservação e sustentabilidade, o país abriga verdadeiros santuários ecológicos, com paisagens de tirar o fôlego.

Um paraíso verde que reúne 5% da biodiversidade do planeta. Sua riqueza natural pode ser explicada, em grande parte, pela posição geográfica, pelo clima tropical e pela grande variedade de habitats, servindo como ponte de migração para diversas espécies de animais e plantas há milhares de anos. Conta ainda com 1.228 km de litoral, banhados, de um lado, pelas águas azul-turquesa do mar do Caribe e, do outro, por ondas agitadas do Pacífico, que atraem surfistas de todas as partes do mundo.

Minha jornada começou pela capital San José, onde vivem aproximadamente 350 mil pessoas. A cidade, chamada de Chepe (apelido de José), é o ponto de partida para a maioria dos viajantes. Um dia é suficiente para conhecer suas principais atrações, como o Museo del Oro Precolombino.
 

Turistas costumam alugar um carro ao sair do Aeroporto Internacional Juan Santamaría, aonde chegam os voos vindos de Cidade do Panamá, Lima ou Bogotá, as três principais conexões entre o Brasil e a Costa Rica. De lá, seguem seus roteiros. É extremamente recomendado que o veículo tenha tração 4x4. As estradas são muito estreitas, sem acostamento, mal pavimentadas e cheias de curvas. Aviões pequenos também são uma boa opção para atravessar as cadeias montanhosas rapidamente. Um trecho aéreo pode sair por US$ 80.

O aeroporto fica a 18 km da capital, na província de Alajuela. Rumo ao norte, conhecemos as cidades de Los Chiles, Guatuso e Bijagua. Voamos depois para a cidade praiana de Nosara, na península de Nicoya, uma das regiões onde vivem as pessoas mais longevas do mundo, que ultrapassam a marca dos 100 anos de vida.

Note-se que a Costa Rica mantém há cinco anos o título de país mais feliz da América Latina e o segundo das Américas, atrás somente do Canadá, que ficou na 7ª posição da avaliação global (a Costa Rica está na 12ª). O ranking, liderado pela Noruega, é elaborado pela Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, na sigla em inglês), a partir de diversos indicadores. Para conhecer os segredos de tanta prosperidade e riqueza, nada melhor que desbravar o país e visitar suas comunidades.


A Costa Rica mantém há cinco anos o título do país mais feliz da América Latina e o segundo das Américas


Tons de azul para ofuscar a visão

Diz a lenda local que, após pintar o céu, Deus lavou seus pincéis no rio Celeste. O tom azul de suas águas cristalinas torna-o um dos mais bonitos do mundo. Um cenário mágico e único, eleito pelos costa-riquenhos como uma das Sete Maravilhas Naturais do país.

A coloração deriva de reações físico-químicas causadas pela mistura das águas dos rios Buena Vista e Quebrada Agria. A imensa cachoeira do rio Celeste pode ser vista após uma caminhada pelo Parque Nacional Vulcão Tenório, na Cordilheira de Guanacaste, entre as províncias de Alajuela e Guanacaste, no noroeste do país. O lugar é visitado, todos os anos, por cerca de 100 mil pessoas.

De dificuldade moderada, essa trilha de sete quilômetros passa por uma densa floresta tropical, recheada de orquídeas, bromélias e palmeiras, onde habitam pássaros, macacos, quatis, preguiças e borboletas. O cheiro de terra úmida e os sons das cigarras acompanham cada passo dos visitantes. Por causa das chuvas constantes na região, é preciso ter cuidado para não escorregar na lama.

A cachoeira, principal atração do parque, aparece logo nos primeiros 30 minutos de trilha, mas os guias recomendam deixá-la para o final. A dica é seguir, primeiro, para o ponto mais distante, conhecido como Los Teñideros, onde nasce o rio Celeste. 


Passeios radicais por entre rio e vulcão

Por que a cor azul do rio Celeste é tão intensa? É a pergunta de todos. Explica-se: quando as águas transparentes do rio Buenavista encontram as do rio Quebrada Agria, o pH da água fica mais ácido, aumentando o tamanho de partículas minerais de aluminossilicato (compostas de alumínio, silício e oxigênio). Essas partículas ficam suspensas ao longo do Celeste, dispersando a luz do sol e refletindo a cor azul celestial.

No ponto conhecido como “Los borbollones”, gases vindos do vulcão Tenório saem por fendas e formam bolhas na água, atingindo temperaturas que ficam entre 48°C e 70°C.

A base da cachoeira pode ser acessada por uma escada íngreme de 252 degraus e serve de recompensa após a caminhada de três horas (levando em conta as paradas estratégicas para tirar fotos e admirar a paisagem). Impossível não ficar boquiaberto diante da queda-d’água de 30 m de altura. Aos poucos, os olhos vão se acostumando com aquela visão que parece ter saído de um desenho animado ou de um conto de fadas.

Não é possível nadar ali. A direção do parque proibiu o banho no rio não só para preservá-lo, mas também para proteger os visitantes, após alguns acidentes que já ocorreram no local. No entanto, fora dos limites do parque, os turistas podem se deliciar com as águas do rio Celeste.

Há empresas que também oferecem passeios com boias gigantes (tubing) no rio Frio, próximo dali, que desce do topo do vulcão Tenório, formando corredeiras e pequenas cachoeiras. É uma maneira bem divertida de desfrutar o lugar.

 

Vale a pena fazer uma visita

Cultura indígena. A apenas 20 km do rio Celeste, há um povoado indígena que luta para manter vivas suas tradições, seus costumes e sua cultura. Em Guatuso, vivem aproximadamente 700 índios maleku, uma das oito etnias nativas reconhecidas na Costa Rica – a menor de todas elas em termos absolutos. Um passeio pela pequena comunidade permite conhecer suas danças, sua história e seus artesanatos, esculpidos em madeira e de cores vibrantes. Lá, os visitantes também aprendem um pouco sobre as plantas medicinais usadas para tratar cada tipo de doença ou ferimento.

De Barco pelo rio. Outro passeio imperdível é navegar por Caño Negro, em Los Chiles, localizado a cerca de 85 quilômetros de Guatuso, mais ao norte do país, perto da fronteira com a Nicarágua. Seus 9.960 hectares de zona úmida, incorporados a grandes rios, lagoas e florestas, são considerados de importância internacional pela Unesco, o braço da ONU para Educação, Ciência e Cultura. É um dos principais destinos de observação de animais da Costa Rica, habitat de crocodilos, jacarés, iguanas e uma enorme variedade de aves. Várias lagoas e o canal do rio Frio podem ser explorados de barco.


Quando visitar
Melhor época é durante a seca
A melhor época para fazer a visita ao Parque Nacional Vulcão Tenório é de outubro a dezembro, na baixa temporada e quando chove menos. Entre fevereiro e abril, o local já começa a ficar lotado. Mas é bom ficar atento para não se frustrar durante o passeio: de maio a outubro, no período mais chuvoso, mais amarronzada.

Funcionamento
Chegar cedo para evitar filas
O parque abre os portões às 8h e fecha às 16h, permitindo a entrada de visitantes até as 14h, e pode ser acessado por dois municípios: Bijagua ou Guatuso. Quanto mais cedo chegar, melhor será o passeio, evitando filas e aglomerações de pessoas. O ingresso custa US$ 12 para adolescentes e adultos.