A crise hídrica no Estado pode parecer uma surpresa, mas associações de moradores da capital já previam o problema desde o ano passado. O presidente do Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte, Fernando Santana, lembra que a entidade cobrou um posicionamento sobre a situação dos reservatórios que abastecem a capital mineira em novembro de 2014, numa reunião na Câmara Municipal com a Copasa, companhia de saneamento do Estado.
“Hoje, a situação pior concentra-se nas regiões Norte e Noroeste da cidade. Muitas associações de moradores que temiam o racionamento já vêm reutilizando água da chuva. A sociedade já estava preocupada fazia muito tempo, desde quando foi constatada a situação em São Paulo”, diz Santana.
Ele ainda ressalta que a divulgação da real situação dos reservatórios, ainda no ano passado, poderia ter evitado a gravidade das condições atuais com planejamento. “Agora teremos que nos esforçar para contornar a situação”, reforça.
Paulo Gomide, da Associação dos Moradores do Buritis, diz que o problema na região Oeste é crônico, pois o bairro não tem melhorias de infraestrutura há 20 anos. Agora, o problema crônico torna-se crítico. “Está chovendo pouco, e a tendência é piorar. O problema veio à tona agora, mas já vínhamos considerando a hipótese desde setembro do ano passado. É muito desagradável. Moradores não têm água para tomar banho”, lamenta Gomide.
O desenvolvedor de software, Mario Augusto Carvalho, 28, passou por esta situação citada pelo integrante da associação do Buritis. “Tive que ir para o trabalho sem tomar banho na última segunda”, confessa. Apesar de considerar-se uma pessoa que já faz uso racional da água, Carvalho diz estar ainda mais atento à necessidade de economizar na hora de usar água.
“Sempre procurei usar o mínimo de água possível e agora, se vou ao banheiro fazer o número um, não dou descarga”, diz.
Em Pará de Minas, no Centro-Oeste de Minas Gerais, a situação também é complicada. Desde o ano passado, a cidade passa por racionamentos frequentes, com corte de água. A situação é mais crítica ainda em bairros pobres, onde moradores não têm condição de comprar água em chácaras que fornecem esse tipo de recurso.
O funcionário público Rogério Lourenço, 40, diz que falta água em toda a cidade, inclusive no centro e imóveis no entorno da prefeitura. “Chegamos a ficar duas ou três semanas sem água. As pessoas que podem compram água até como uma medida preventiva”.
Números
23 foi o número de bairros afetados ontem pela falta de água na RMBH; outros 14 pelo rompimento de adutora