Cidade do Vaticano. Em uma de suas últimas medidas no cargo, o papa Bento XVI nomeou o alemão Ernst von Freyberg como o novo presidente do Banco do Vaticano, instituição financeira cheia de segredos que está sob forte pressão de reguladores internacionais para melhorar suas ações de transparência.

O Vaticano comunicou a indicação de von Freyberg, um advogado que integra a Ordem Soberana e Militar de Malta - ordem cavalheiresca que nasceu na Idade Média.

A decisão encerra uma busca que já durava sete meses e contou com a ajuda de uma agência internacional de recrutamento, informou um porta-voz do Vaticano. O ex-presidente do Instituto para Obras de Religião (IOR), como o banco também é conhecido, Ettore Gotti Tedeschi, deixou o cargo em maio após um voto de desconfiança do conselho da instituição.

A restauração da confiança pública a respeito de como o Vaticano cuida de suas finanças se tornou uma das principais prioridades dos funcionários da Santa Sé durante uma investigação contínua, de dois anos, feita por promotores italianos sobre se o banco violou leis sobre lavagem de dinheiro da Itália, acusação negada reiteradas vezes pelo Vaticano.

O reverendo Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, disse que von Freyberg fora indicado pela comissão de cardeais do banco, que segundo ele "estiveram sempre unidos e de acordo com suas medidas".

O cardeal Jose Saraiva Martins disse em entrevista à televisão que o fato de a presidência estar vaga era "um problema urgente". "Ao fazer a nomeação, podemos evitar que coisas falsas sejam ditas", afirmou ele.

Nos últimos anos, a Santa Sé tem tomado medidas para melhorar a transparência. Dentre elas está a criação de um organismo de fiscalização financeira e o estabelecimento de novas regras para que a Santa Sé monitore os movimentos de recursos que chegam e saem do Vaticano. No ano passado, o Moneyval, um comitê de especialistas que conta com o apoio de 47 países do Conselho Europeu, pediu à instituição que fortalecesse medidas com o objetivo de prevenir a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.

Sucessão. Anunciado pelo Vaticano para o dia 15 de março, o conclave para eleger um novo papa poderia ser antecipado em relação à data inicial, informaram fontes ontem. A votação dos cardeais pode começar já em 10 de março, disseram fontes à agência de notícias religiosa I.Media, de Roma.