Diretamente da COP 29, no Azerbaijão, o arquiteto e urbanista Sérgio Myssior, do Grupo MYR Soluções em ESG, conversou com o diretor geral de Estratégia do BID Invest, braço de investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Gabriel Azevedo, sobre investimentos no Brasil. Em junho passado, o BID Invest promoveu em Manaus (AM), a Sustainability Week, que integra iniciativa do banco em movimentar US$ 102 bilhões em investimentos para infraestrutura e adaptação climática na América Latina, até 2030. O desafio central, disse Azevedo na ocasião, é identificar projetos alinhados às expectativas dos investidores.

Qual tem sido o trabalho do BID Invest nos projetos de desenvolvimento sustentável em nosso país? 

O BID Invest é um grupo que financia o setor privado e, nesse sentido, temos atuado, por exemplo, na área de mercado capitais, dos bonds temáticos, as green bonds, blue bonds (são títulos verdes, instrumentos financeiros de dívida, emitidos por entidades públicas ou privadas, para captar recursos e financiar projetos que, de alguma forma, representem um benefício ambiental, por exemplo). O BID Invest já estruturou cerca de 45 delas, em 13 países e, na área específica apresentada na COP, a concessão florestal, uma iniciativa que está sendo desenvolvida pelo Governo do Pará. 

Como o BID Invest atua?

Trabalhamos com parcerias público-privadas, com clientes, países e com estados, na estruturação de projetos que possam ser atrativos para investimentos privados. 

Quais são as orientações no campo ESG que têm determinado os principais investimentos para que os projetos atendam a esses critérios? 

Isso está no cerne de tudo o que fazemos. Diria até que a evolução dessa questão já ultrapassa os critérios de ESG - eles são o piso mínimo para você começar a conversar se um projeto atende ou não aos critérios do BID ou do BID Invest, que estão entre as políticas mais avançadas no cenário internacional.

Como o BID Invest vê a importância das temáticas de salvaguarda ambiental e o que os projetos precisam apresentar para estarem mais aderentes aos critérios de financiamento, em uma operação que possa envolver uma instituição multilateral?

Hoje, o que falamos, além dos aspectos de salvaguarda ambiental, é sobre o impacto que os nossos investimentos estão gerando. Acho que o grupo BID e o BID Invest querem destacar o valor do impacto, ou seja, como esses investimentos contribuem para o clima, como transformam a vida das pessoas, como melhoram a qualidade de vida, como promovem a inclusão e reduzem a pobreza. 

Então, é muito mais do que falar em volume de recursos ou dólar, temos que focar no impacto gerado pelos investimentos. E é isso o que ouvimos atualmente dos investidores internacionais que nos procuram e trabalham com o BID Invest. Porque eles buscam a credibilidade que uma instituição como a nossa traz, tanto em relação aos critérios ESG, quanto em relação ao impacto que o investimento gera.

(*) Enviados especiais à COP 29, em Baku, no Azerbaijão