Os Estados Unidos são a nação que mais recebe brasileiros no mundo. Atualmente, a comunidade brasileira no país chega a mais de 2 milhões de imigrantes. O número de brasileiros em Nova York, por exemplo, é de cerca de 500 mil, seguido pelas cidades de Boston, com 420 mil, e Miami, com 400 mil. Os dados fazem parte de um levantamento do Ministério das Relações Exteriores.
A analista de sistemas Sandra Prieto mora em Miami, na Flórida, e vive nos Estados Unidos há 27 anos. Na visão dela, as eleições deste ano estão “tensas”, pois o país “está literalmente dividido”.
Quando ela conversou com a reportagem, faltava menos de um mês para as eleições, e o cenário era de incerteza em relação ao partido vencedor. “Eu acredito que a eleição está muito polarizada pelo fato de termos a primeira candidata feminina, uma pessoa negra e que tem uma ascendência tanto africana quanto indiana. E a imigração é um dos temas mais falados aqui no momento e está trazendo muita polêmica. Ainda não se pode ter certeza se os democratas ou os republicanos vão ganhar, então realmente está um pouco tensa”, disse.
Já a criadora de conteúdo Cláudia Laplagne, 39, que mora em Orlando há oito anos, vê essa polarização como algo natural no cenário político norte-americano. “As eleições americanas sempre foram marcadas por ideais políticos muito bem-definidos. A polarização não é uma novidade por aqui”, afirma ela. No entanto, Cláudia também vê a imigração como um tema que sobressai nessa corrida eleitoral.
“Assim como no Brasil, a escolha de um governo afeta diretamente o nosso dia a dia em questões como inflação e taxa de desemprego. A diferença é que aqui existem demandas como as leis de imigração, a que devemos sempre ficar atentos, pois podem impactar diretamente a nossa comunidade (brasileira)”, avalia.
A empresária Nubia Rose mora na Flórida há 35 anos e tem dupla cidadania. Para ela, a campanha, bem como a defesa das propostas e projetos por parte dos apoiadores dos respectivos candidatos, tem sido “mais respeitosa e centrada, comparada com o momento da eleição anterior entre Trump e Biden”. “Na eleição anterior percebi os apoiadores mais passionais e menos propensos a respeitar as diferenças de propostas de governo de cada candidato. Nesta eleição, vejo, nesse aspecto, um amadurecimento eleitoral”, afirma.
Para Nubia, imigração e economia são temas interligados, que podem definir estas eleições. “Os Estados Unidos são o país conhecido como a terra das oportunidades. Quando olhamos para a história dos EUA, vemos que é um país feito por imigrantes, em busca de transformar sonhos em realidade”, diz.
Como votam?
Diferentemente do Brasil, o ato de votar não é obrigatório nos Estados Unidos, e sim facultativo. Ou seja, cabe aos cidadãos decidir no dia da eleição se vão votar ou não – sem a aplicação de multas ou a necessidade de apresentar uma justificativa caso não compareçam à urna. Com isso, a tarefa dos candidatos é, além de convencer a população de suas propostas, engajar as pessoas e tentar fazer com elas queiram participar do processo.
Atualmente, para votar em qualquer pleito no país, é preciso ser um cidadão norte-americano, atender aos requisitos do Estado em que se mora, ter no mínimo 18 anos e estar registrado para votar. Aqueles que não são cidadãos americanos, mesmo que tenham residência permanente no país, não têm direito ao voto.
A técnica em comportamento Karina Costa Bisson, 40, mora há apenas um ano em Chicago e, apesar de ainda não ter o direito de votar, acompanha de perto todas as movimentações da campanha. “A minha percepção é que a eleição neste ano está mais tensa, principalmente após o atentado a Donald Trump durante um comício realizado na Pensilvânia, seguido pela renúncia da candidatura de Joe Biden”, lembra. O (A) presidente dos EUA, a ser eleito(a) amanhã, assume em 20 de janeiro de 2025.