O Natal na Venezuela será celebrado em dezembro, como manda o ritual. A celebração havia sido antecipada para outubro no país pelo presidente Nicolás Maduro. A decisão foi tomada logo após a conturbada vitória nas eleições presidenciais no país, dando início aos festejos natalinos desde o dia 1º de outubro.
À época, a medida foi tratada como uma cortina de fumaça, utilizada por Maduro, em meio às contestações dos resultados das eleições. A Procuradoria da Venezuela, aliada do presidente, pediu a prisão do candidato oposicionista, Edmundo González, que reivindicou a vitória nas eleições e pediu a divulgação das atas das urnas. O pedido foi acatado pela Justiça, mas Gonzales está em exílio na Espanha.
Em um programa de TV, Maduro fez o anúncio da antecipação do Natal e falou que tratava-se de uma homenagem e agradecimento ao povo venezuelano. A partir da data, ruas, avenidas e prédios do país receberam enfeites natalinos. ''De 1º de outubro a 15 de janeiro, feliz Natal em paz e felicidade'', disse. A abertura ocorreu com uma canção infantil chamada ''Corre Caballito'', que foi cantada pelo público e por uma banda presente no programa. ''Feliz Ano Novo e nos vemos nas ruas e nas praças'', declarou à época.
Mas às vésperas da festa, celebrada historicamente em 25 de dezembro, feriado bíblico em todo o mundo, a população se organiza para realizar as celebrações como manda a tradição. Relatos publicados pela imprensa venezuelana mostram a preparação de comércio e da população para o Natal. O El Universal, de Caracas, ressaltou a publicação de um vídeo, por Maduro, em 1º de dezembro.
“O presidente Nicolás Maduro conclama o povo venezuelano a abraçar com alegria o período natalino que começa neste dia 1º de dezembro. “O #Gente vai às ruas dançar tambores, festas e bonificações. Estamos comemorando os quatro meses da grande Vitória consolidada no processo eleitoral de 28 de julho. Hoje dizemos Sim ao Natal 🎄 e à vida! ele expressou”, disse artigo publicado pelo periódico na semana passada.
O mesmo site também publicou, outra matéria, destacando as tradições natalinas em Caracas. “Nas casas de Caracas, a construção da manjedoura é uma atividade que reúne famílias inteiras. Com paciência e habilidade, adultos e crianças se dedicam à montagem das peças, muitas vezes com mais de três décadas de família. Combinam-se com criações em miniatura e cenários feitos em papelão e pintados à mão”, relatou.
A Conferência Episcopal da Venezuela afirmou que o feriado não deve ser usado para fins políticos. O posicionamento foi publicado pelas redes sociais em agosto e condenou possível uso para propaganda em meio a repercussão do assunto.
Maduro respondeu às críticas em uma transmissão TV. ''Saíram alguns caras de batina dizendo que só há Natal se decretarem. Não, não, homem de batina, você não decreta nada aqui. Jesus Cristo pertence ao povo, o Natal pertence ao povo e o povo celebra-o quando quer celebrar o seu Natal", afirmou.
Em 2020, Maduro antecipou a comemoração para 15 de outubro. A medida foi vista como uma tentativa de desviar a atenção dos problemas vividos na Venezuela em meio à pandemia de Covid-19. Em 2021, o Natal venezuelano também começou em outubro. Naquele ano, a comemoração foi antecipada para o dia 04.
Em 2013, Maduro assinou um decreto no qual antecipou o Natal para o dia 1º de novembro. Segundo Maduro, o objetivo da medida era garantir "felicidade para todo o povo" e derrotar a amargura. "O Natal antecipado é a melhor vacina para aqueles que querem inventar tumulto e violência. Aqueles que andam amargurados por aí terão uma canção natalina para alegrar a alma", disse Maduro à época.