Um rosto de “bebê” ou o “prodígio da IA”. É assim que os portais de mídia internacional se referem à Luo Fuli, a engenheira de 29 anos que ajudou a DeepSeek a ganhar mercado e derrubar os lucros de bigtechs nos Estados Unidos. Após os movimentos da empresa nesta semana, a pesquisadora de inteligência artificial (IA) ganhou destaque na imprensa por sua brilhante carreira no mundo da tecnologia.

Luo começou os estudos em Ciência da Computação na Universidade Normal de Pequim, mas se destacou mesmo no Instituto de Linguística Computacional da Universidade de Pequim. Em 2019, ela publicou oito artigos na Associação de Linguística Computacional (ACL), o que chamou a atenção de várias empresas de tecnologia, segundo a imprensa internacional.

Com essa experiência no currículo, ela se juntou à Alibaba DAMO Academy, onde ajudou no desenvolvimento do VECO, um modelo de pré-treinamento multilíngue, e contribuiu para o projeto AliceMind, um repositório que fornece modelos de codificadores e decodificadores pré-treinados e técnicas de otimização desenvolvidos pelo MinD (Machine IntelligeNce of Damo) Lab do Alibaba.

Em 2022, Luo foi atuar na DeepSeek, onde ela ajudou a desenvolver o DeepSeek-V2, o primeiro modelo de IA generativa da empresa, que mais tarde foi atualizado para as versões V2.5 e V3. E, mais recente, a DeepSeek-R1, versão que abalou o mercado das bigtechs nesta semana, provocando um colapso na cotação da fabricante de semicondutores americana Nvidia, cujas perdas alcançaram cerca de US$ 600 bilhões (R$ 3,53 trilhões) em valor de mercado. O impacto foi tão forte que o índice tecnológico Nasdaq da Bolsa de Nova York encerrou a sessão com uma queda de 3,07%.

Há rumores de que, com sua evidente experiência e sua posição no mercado, Luo recebeu propostas de diversas grandes empresas do mundo da tecnologia, incluindo a Xiaomi, que, por meio de seu fundador, Lei Jun, teria oferecido uma remuneração anual de 10 milhões de yuans (cerca de R$ 8,1 milhões na cotação atual), segundo South China Morning Post.

DeepSeek

A Deepseek é uma empresa sediada em Hangzhou, uma metrópole no leste da China onde encontram-se vários dos gigantes da tecnologia do país, o que lhe rendeu o apelido de "Vale do Silício chinês". Pouco conhecida no exterior, a DeepSeek já era de grande interesse na China há muito tempo.

A startup foi criada pelo prodígio da tecnologia e das finanças Liang Wengfeng. Nascido em 1985, ele se formou em engenharia na Universidade de Zhejiang, em Hangzhou, onde diz ter se convencido de que a IA "mudaria o mundo". Ele passou anos tentando aplicar a IA em vários campos, de acordo com uma entrevista que deu no ano passado ao site chinês Waves.

Por volta de 2015, ele fundou a High-Flyer, uma empresa de investimentos especializada no uso de IA para analisar as tendências do mercado de ações. Sua técnica permitiu que ela atingisse dezenas de milhares de yuans de ativos sob gestão, tornando-a um dos principais fundos de cobertura quantitativos da China.

Nesta semana, o lançamento do bot de conversação R1 da DeepSeek surpreendeu os especialistas com seu desempenho e custo-benefício, considerando os baixos custos de desenvolvimento. *Com AFP