A família da brasileira Taiany Caroline Martins Matos, de 32 anos, que após cair de um prédio em Breda, na Holanda, está realizando uma vaquinha no valor de R$ 45 mil para trazer o corpo da mulher ao Brasil. A ocorrência foi registrada no dia 3 de janeiro e, segundo os familiares, o ex-namorado de Taiany pode ter tido envolvimento no caso. 

Natural de Brasília, a brasileira, formada em pedagogia, estava na Europa há mais de seis anos. Ela havia se mudado há seis meses da Bélgica para a Holanda e trabalhava como atendente. À reportagem de O TEMPO, o irmão de Taiany, Ryan Martins, revelou que a família só teve conhecimento da morte cerca de 24 horas após o ocorrido, no dia 4. 

A notícia foi compartilhada pelo ex-namorado da brasileira em ligação aos familiares. O contato da polícia holandesa, entretanto, só ocorreu cerca de 36 horas após a morte. Segundo Ryan, a família desconfiou do homem após ele dar duas versões diferentes das circunstâncias do óbito de Taiany. 

No primeiro contato, o ex-companheiro disse aos familiares que a brasileira havia saído com amigas e que ele estaria dormindo quando ela chegou ao apartamento do casal. “Então, ele disse que quando ele acordou e foi conversar, ela já estava morta em cima da cama”, detalhou. Contudo, conforme Ryan, em um telefonema posterior, o ex-namorado contou uma versão diferente, de que Taiany teria saído para beber com as amigas. 

O irmão ainda disse que o homem teria pedido, posteriormente, para ver o celular de Taiany e ela não teria deixado. “Ele disse que os dois trocaram ofensas e que ele teria pegado o celular dela à força”, disse. Após a discussão, o ex-namorado disse ao irmão que a brasileira gritou socorro pela janela e que ela teria feito uma menção de que iria pular. “E nisso ela teria escorregador”, contou o irmão. 

Ainda conforme o irmão, o homem teria dito à família que arcaria com todos os custos para o traslado do corpo ao Brasil, mas enviou 30% do valor e não teve mais contatos com os familiares. “E na ligação ele ainda me disse que a polícia da Holanda  teria pedido para ele não informar nada sobre a morte dela à família nas próximas 24 horas”, complementou Ryan que está à frente da vaquinha para arrecadação de fundos. 

Informações divulgadas pela família na arrecação

 

Inquérito 

De acordo com a família, o inquérito que investiga a morte de Taiany na Holanda foi encerrado um dia após a morte dela em Breda. A causa apontada foi de acidente, sem indícios de crime, segundo o irmão da brasileira. Na Justiça, os familiares vão pedir a reabertura do inquérito e a possível investigação do envolvimento do ex-companheiro na morte de Taiany. 

A reportagem tentou contato com o Corpo de Polícia Nacional da Holanda, mas sem sucesso. O TEMPO também procurou a Embaixada da Holanda no Brasil, mas os telefonemas não foram atendidos. O espaço segue aberto. Ao G1, o Corpo Policial Holandês informou que não fornece informações de investigações em andamento. O ex-namorado não foi localizado para comentar o caso. 

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso por meio do Consulado-Geral do Brasil em Amsterdã. O Itamaraty afirmou que está à disposição da família de Taiany para prestar assistência consular aos familiares.

Passado conturbado 

A relação de Taiany com o ex-namorado era conturbada, contou o irmão da brasileira. Eles namoravam há três anos, mas só começaram a morar juntos quando ela se mudou para a Holanda. “Ela sempre falava pra gente, para as amigas que ele era muito ciumento, abusivo, controlador. Quando ela vinha sozinha para o Brasil, ele ficava ligando para o meu celular e para minha mãe para saber o que ela estava fazendo”, detalhou.