O papa Francisco recebeu alta hospitalar neste domingo (23) depois de passar 38 dias internado no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, para tratar uma pneumonia. Ele também fez a 1ª aparição pública desde que foi internado, por volta das 12h (8h de Brasília), quando foi à varanda do quinto andar da estrutura e agradeceu aos fiéis que o acompanhavam no local.

A sua equipe já tinha anunciado a alta do papa no sábado (22) e também revelou que ele está completamente curado.

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Pouco antes de o papa aparecer, havia sido divulgado o texto do Angelus, a oração que costuma fazer aos domingos, da janela do Palácio Apostólico, para os fiéis reunidos na praça São Pedro. Foi o sexto domingo que o Angelus foi anunciado por escrito.

Desde as primeiras horas desta manhã, pessoas começaram a se aglomerar na entrada do hospital, sob a varanda, em torno da estátua do papa João Paulo 2º, morto em 2005, que foi internado diversas vezes ali. Por semanas, fiéis deixaram velas, flores, rosários e outros objetos em homenagem a Francisco, além de rezarem por sua recuperação.

Aos 88 anos, o pontífice está curado da pneumonia bilateral e superou ao menos quatro crises respiratórias graves. Segundo a equipe médica, em dois desses momentos ele correu risco de morrer.

O tratamento para eliminar totalmente a infecção polimicrobiana continuará na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano, onde o papa deverá ficar em convalescença por ao menos mais dois meses, além de passar por reabilitação motora e respiratória.

No período, os médicos recomendam que ele não encontre grandes grupos nem se esforce demais. Ainda é incerto como ele vai participar, daqui a quatro semanas, das celebrações da Páscoa, o momento mais importante do calendário para o cristianismo.

A alta foi decidida pelos médicos depois de constatada a estabilidade de seu quadro clínico, nas duas semanas anteriores. Nos últimos dias, estava em diminuição o uso de oxigênio artificial, por meio de ventilação mecânica não invasiva e cateter nasal. O papa jamais foi intubado, disseram os médicos.

Mesmo internado, segundo o Vaticano, o papa manteve parcialmente seu trabalho, despachando documentos e nomeações com colaboradores próximos, como o cardeal Pietro Parolin. No entanto, precisou declinar de participar de celebrações ligadas ao Jubileu da Igreja, que ocorre a cada 25 anos, além de deixar de recitar o Angelus.

No domingo dia 16 tinha sido divulgada a primeira foto do pontífice desde que entrou no hospital. Ele apareceu quase de costas, olhando para o altar da capela que faz parte de sua suíte no décimo andar, e com a mão direita inchada, devido à falta de mobilidade.

Dez dias antes, havia ocorrido a primeira manifestação sem ser por escrito. Na noite do dia 6, o Vaticano divulgou um áudio gravado pelo papa em que ele agradecia os fiéis da praça São Pedro pelas orações. A voz ofegante confirmava a fragilidade de seu estado de saúde.

Francisco foi internado em 14 de fevereiro para tratar sintomas de uma bronquite. Realizados os primeiros exames, recebeu o diagnóstico de infecção polimicrobiana nas vias respiratórias, causada por fungos, bactérias e vírus. Em seguida, uma tomografia revelou que o papa também sofria de pneumonia nos dois pulmões. Além da idade, o quadro foi considerado complexo pelos médicos devido a doenças respiratórias crônicas e à mobilidade restrita.