Israel bombardeou nesta sexta-feira (28) os subúrbios do sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, pela primeira vez desde a trégua acordada em novembro, em resposta ao lançamento de foguetes contra o território israelense.

O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, descreveu o ataque contra os subúrbios do sul de Beirute como “uma escalada perigosa”.

O exército israelense havia instatado a evacuação de uma parte da zona ao sul da capital, em preparação para o bombardeio, que foi uma resposta ao lançamento, não reivindicado, de dois "projetos", dos quais um foi interceptado e o outro caiu em solo libanês.

Além do ataque em Beirute, Israel também disparou contra alvos do Hezbollah no sul do Líbano, região fronteiriça com Israel.

O Ministério da Saúde Libanês não informou sobre vítimas na capital, mas indicou que cinco pessoas morreram no sul do país.

Nesta região, assim como na cidade costeira de Tiro, que já havia sido bombardeada em 22 de março, famílias aterrorizadas levaram seus filhos para casa.

“Decidi levar meus filhos à escola apesar da situação, mas a direção me disse que havia fechado após ameaças israelenses e que eu tinha que levá-los para casa”, disse Ali Qasem, pai de quatro filhos.

Esta é a segunda vez desde o trégua que entrou com vigor em 27 de novembro que foguetes disparados do Líbano atingem Israel. A primeira foi em 22 de março.

“Se não houver calma em Kiryat Shmona e nas localidades da Galileia”, uma região no norte de Israel, “não haverá calma em Beirute”, alertou o ministro da Defesa israelense, Israel Katz.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou que Israel atacará “em qualquer lugar do Líbano contra qualquer ameaça”.

Segundo o presidente libanês, Joseph Aoun, "tudo indica (...) que o Hezbollah não é responsável" pelo lançamento de foguetes e anunciou a abertura de uma investigação.

O presidente francês, Emmanuel Macron, que recebeu Aoun em Paris, descreveu os bombardeios israelenses como "inaceitáveis" e uma "violação do cessar-fogo de novembro".

Habitantes aterrorizados

No distrito de Hadath, em Beirute, o bombardeio provocou uma enorme coluna de fumaça preta.

Entre as ruínas dos prédios queimados, onde os bombeiros tentaram apagar as chamas, os socorristas vasculharam os escombros e evacuaram os feridos, segundas imagens da AFP.

Um enorme engarrafamento se formou na entrada dos subúrbios do sul, de onde muitos moradores tentavam fugir.

“Temos muito medo de que a guerra volte”, disse um taxista de 55 anos chamado Mohammad, que estava fugindo com sua família, como fez durante a guerra no final do ano passado.

A agência NNA relatou bombardeios no sul e uma operação militar perto da fronteira, onde disparos foram ouvidos.

Também relataram bombardeios de artilharia perto de localidades fronteiriças, além de ataques aéreos na região montanhosa de Jezzin, ao norte do rio Litani, para onde acreditava-se que o Hezbollah recuaria.

O exército israelense declarou ter "atacado centro de comando do Hezbollah, infraestruturas terroristas, lançadores e terroristas no sul do Líbano".

O Hezbollah negou “qualquer envolvimento nos foguetes lançados” na sexta-feira do sul do país contra Israel.

As hostilidades no Líbano surgiram quando o Hezbollah abriu uma nova frente contra Israel em solidariedade ao Hamas no início da guerra na Faixa de Gaza, que eclodiu após o ataque ao território israelense em 7 de outubro de 2023.

Em setembro de 2024, o conflito se transformou em uma guerra aberta, deixando mais de 4 mil mortos no Líbano e forçou mais de um milhão de pessoas a fugir.

Do lado israelense, o número de mortos subiu para 78, incluindo 48 soldados somados aos 56 mortos em uma ofensiva terrestre no Líbano em setembro, segundos dados oficiais.

Cerca de 60 mil moradores do norte de Israel foram deslocados, e metade ainda não retornou para suas casas, segundo as autoridades.

Apesar do cessar-fogo de novembro e da retirada incompleta dos soldados israelenses do sul do Líbano em 15 de fevereiro, Israel continua atacando o território libanês, e ambos os lados acusam-se regularmente de violar a trégua.