Oito cardeais do Brasil, entre eles um mineiro, poderão suceder o Papa Francisco, que morreu na madrugada desta segunda-feira (21), aos 88 anos. Dentre eles, sete poderão, também, votar no para escolha do novo pontífice, após a morte do papa Francisco. O Conclave para selecionar o Santo Padre deve começar nas próximas semanas. Os brasileiros cotados são de São Paulo, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Amazonas, Bahia e Rio Grande do Sul. 

De acordo com as regras estabelecidas pelo papa João Paulo II em 1996, o Conclave deve começar entre 15 e 20 dias após a morte ou renúncia do papa anterior. Somente os cardeais com menos de 80 anos de idade não podem votar, mas podem ser eleitos. Os cardeais que integram o Conclave são os principais conselheiros do Santo Padre e são escolhidos por ele para ajudar a governar a igreja.

Veja, abaixo, a lista dos brasileiros que podem suceder o papa Francisco: 

Dom Odilo Scherer - Arquidiocese de São Paulo (SP)

Dom Odilo é arcebispo de São Paulo desde 2017 - / Foto: Luciney Martins O SÃO PAULO/ Arquidiocese de São Paulo

Odilo Pedro Scherer, de 75 anos, é, desde 2007, o Arcebispo da Arquidiocese de São Paulo, cargo que deve ocupar até 2026. Ele também exerce a função de Grão-Chanceler da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Odilo nasceu em 1949, em Quatro Pontes, no Paraná. Ele ingressou no seminário em 1963 e foi ordenado presbítero no dia 7 de dezembro de 1976. 

Em Roma, concluiu mestrado em Filosofia e doutorado em Teologia. Entre 1994 a 2001, foi Oficial da Congregação para os Bispos, na Santa Sé, e desde 2007 é membro do Conselho Permanente da CNBB. Durante a pandemia da Covid-19, Dom Odilo ganhou notoriedade em todo o país ao ser uma voz ativa e com críticas direcionadas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em função da condução da crise sanitária. 

“A pandemia naturalmente pegou todos nós de surpresa. No seu início no ano passado ninguém poderia prever que as coisas fossem se desenvolver como acabaram se desenvolvendo. Depois, alguns governantes enfrentaram melhor do que outros o problema da pandemia. As medidas que deveriam ter sido adotadas... nosso governo federal pelo menos não adotou em tempo as medidas que deveriam ser adotadas", disse, em 2021, em entrevista ao Roda Viva. 

Dom Orani João Tempesta - Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ)

Dom Orani está à frente da Arquidiocese do Rio de Janeiro desde 2007 - Foto: Arquidiocese do Rio de Janeiro

Orani João Tempesta, de 75 anos, nasceu em São José do Rio Pardo, em São Paulo. Ele iniciou nos estudos religiosos no interior paulista em 1969, e chegou a estudar em São João del-Rey, no interior de Minas. Os estudos de Teologia foram realizados no Instituto de Teologia Pio XI em São Paulo, SP,entre os anos de 1971 e 1974.

Foi ordenado presbítero em 07 de dezembro de 1974 em São José do Rio Pardo e foi eleito bispo da Diocese de São José do Rio Preto (SP) por São João Paulo II no dia 26 de fevereiro de 1997. Dom Orani é arcebispo metropolitano da Arquidiocese do Rio de Janeiro desde 2009 e também responsável pela Comissão Pastoral Regional para a Comunicação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

Entre os momentos marcantes de sua trajetória na igreja está a organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2013, no Rio de Janeiro. O evento contou com a participação do Papa Francisco. No Vaticano, o cardeal contribui com importantes comissões como o Dicastério para a Evangelização, o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e a Pontifícia Comissão para a América Latina, além de atuar como Grão-Chanceler da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Dom Paulo Cezar Costa - Arquidiocese de Brasília (DF)

Dom Paulo é arcebispo da Arquidiocese de Brasília - Foto: Arquidiocese de Brasília

Natural de Valença, no Rio de Janeiro, dom Paulo Cezar Costa, de 58 anos, possui graduação em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da arquidiocese do Rio de Janeiro (1991), Mestrado (1998) e Doutorado (2001) em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana.

Foi ordenado presbítero aos 5 de dezembro de 1992. Em seu ministério presbiteral, foi vigário paroquial, pároco, reitor do Seminário Diocesano Paulo VI, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. O cardeal colaborou na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como membro do grupo de peritos da Comissão Episcopal de Doutrina e membro do Instituto Nacional de Pastoral.

Também atuou como professor acadêmico na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), e foi coordenador e diretor do Departamento de Teologia. No Instituto de Filosofia e Teologia Paulo VI, foi professor e diretor. Ainda exerceu a docência no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e na Escola Teológica São Bento (ETSB).

Em 2010, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ). Durante o quadriênio 2011-2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB. Na realização da JMJ-2013, atuou como diretor administrativo.

Em 22 de junho de 2016, foi nomeado 7º bispo da diocese de São Carlos pelo Papa Francisco. Sua posse canônica ocorreu no dia 6 de agosto daquele ano, na Catedral de São Carlos. Atualmente, é arcebispo de Brasília e integrante de grupos e comissões da CNBB. 

Dom Leonardo Steiner - Arquidiocese de Manaus (AM)

Dom Steiner foi nomeado como Cardeal por papa Francisco - Foto: Arquidiocese de Manaus

Leonardo Steiner é arcebispo da Arquidiocese de Manaus. O cardeal nasceu em 6 de novembro de 1950 em Forquilhinha, Santa Catarina e foi ordenado padre por Dom Paulo Evaristo Arns em 1978. Concluiu o curso de pedagogia e tornou-se mestre em noviços. Em 1995, foi transferido para a Pontifícia Universidade Anteneu Antonianus, em Roma, onde fez mestrado e doutorado em filosofia. De 1999 a 2003, foi secretário-geral na mesma universidade.

De volta ao Brasil, frei Leonardo foi nomeado ‘Vigário’ da Paróquia Bom Jesus, em Curitiba, e passou a lecionar na Faculdade de São Boa Ventura. Em 2005, tornou-se o segundo bispo da prelazia de São Félix e, em 2011, foi nomeado bispo auxiliar de Brasília, com o mandato de Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, cargo que exerceu de 2011 a 2019.

Em novembro de 2019, foi nomeado arcebispo metropolitano de Manaus e, em 2022, o Papa Francisco nomeou-o Cardeal da Amazônia.

Dom Sérgio da Rocha - Arquidiocese de Salvador (BA)

Dom Sérgio participa de grupos e comissões na CNBB - Foto: Arquidiocese da Bahia

Arcebispo da Bahia, Dom Sérgio da Rocha, de 66 anos, nasceu em Dobrada, no interior de São Paulo. Ele foi ordenado presbítero na diocese de São Carlos e arcebispo da arquidiocese de Fortaleza, como bispo auxiliar, em 2011. O cardeal é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense.

Trabalhou como diretor espiritual, professor e reitor do seminário diocesano de Filosofia de São Carlos, exercendo as mesmas funções também no seminário de Teologia da diocese. Foi arcebispo arquidiocesano no Piauí e em Brasília, antes de ser nomeado pelo papa Francisco, em 2020, como arcebispo em Salvador. Entre as atividades desempenhadas, dom Sérgio acumula atuações na CNBB e no Vaticano, por meio de grupos e comissões. 

Dom Jaime Spengler - Arquidiocese de Porto Alegre (RS)

Dom Jaime é o atual presidente da CNBB - Foto: CNBB

Dom Jaime Spengler é arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre. O cardeal de 65 anos nasceu em Gaspar, em Santa Catarina. Spengler cursou Filosofia no Instituto Filosófico São Boaventura, de Campo Largo (PR), e Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ), concluindo-o no Instituto Teológico de Jerusalém em Israel. Foi ordenado sacerdote em 17 de novembro de 1990, na sua cidade natal. 

O religioso atuou dentro da Ordem dos Frades Menores em diversas missões e cidades de Israel até 2010, quando foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar. Dom Jaime Spengler é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco. Em maio de 2019 foi eleito 1º vice-presidente da CNBB e, quatro anos depois, foi elevado à presidência da CNBB para o mandato de 2023 – 2027.

Dom Raymundo Damasceno - Emérito da Arquidiocese de Aparecida (SP)

Dom Raymundo era amigo pessoal de Francisco: Foto: CNBB

Dom Raymundo Damasceno Assis é o único brasileiro da lista que não poderá votar, mas poderá ser eleito. Isto ocorre pela regra que prevê o direito ao sufrágio apenas a cardeais com 80 anos. Amigo pessoal do Papa Francisco, Dom Damasceno é arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida, em que atuou por 13 anos. 

Nos últimos dias, inclusive, o cardeal enviou uma mensagem ao Papa Francisco, desejando melhoras ao pontífice. Dom Raymundo Cardeal Damasceno Assis nasceu em Capela Nova, no interior de Minas Gerais, na região do Campo das Vertentes. Em 1955, entrou para o Seminário Menor, em Mariana (MG), onde cursou o segundo grau e o curso de Filosofia.

Em 1961, foi para Roma, onde cursou Teologia; em 1965, foi para a Alemanha acompanhar o Curso Superior de Catequese. Em 19 de março de 1968, em Conselheiro Lafaiete (MG), foi ordenado sacerdote. Depois de ordenado, ocupou diversas funções como presidente da CNBB, Padre Sinodal em Assembleias Especiais em Roma, além de cargos no Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam). 

Dom João Braz de Aviz - Emérito de Brasília (DF) e da Congregação para a Vida Consagrada – Vaticano

Dom João foi designado pelo Papa Francisco como presidente delegado do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica - Foto: Reprodução Vaticano

Dom João Braz de Aviz é brasileiro nascido em Mafra, Santa Catarina, e tem 78 anos. Foi ordenado padre em 1972 e bispo em 1994. Foi bispo auxiliar de Vitória, no Espírito Santo,  bispo de Ponta Grossa e Maringá, no Paraná, e arcebispo de Brasília, arquidiocese da qual é arcebispo emérito.

No Brasil, foi eleito, em 2007, presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB. Também foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé e vice-presidente das Edições CNBB. Em maio de 2010, esteve à frente da organização do XVI Congresso Eucarístico Nacional, que aconteceu em Brasília, ano do cinquentenário da capital federal.

Sua criação como cardeal aconteceu em 18 de fevereiro de 2012, pelas mãos do então Papa Bento XVI. Em 2019, Aviz foi designado pelo Papa Francisco como presidente delegado do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica.