Em 2013, o Uruguai se tornou o primeiro país do mundo a legalizar e regulamentar a produção e o consumo de cannabis. Impulsionado pelo ex-presidente José Mujica, que morreu de câncer nesta terça-feira (13), o projeto foi apresentado como uma alternativa à "guerra contra as drogas". Apesar disso, “Pepe” garante nunca ter fumado maconha.
Pouco depois da legalização, um jornalista fumou um cigarro de Cannabis na sua frente e ofereceu uma "pitada" ao então presidente. Mujica declinou o convite. “Se para ser livre preciso fumar ou beber uma droga, estou lascado. A liberdade está aqui, em minha cabeça. Se não está aqui em minha cabeça, não tenho liberdade”, afirmou. Essa é apenas uma das frases célebres ditas pelo ex-presidente.
Desde 1930 o consumo da maconha não é proibido no Uruguai (nem sequer o foi na ditadura militar). Mas a lei punia a produção e venda. No entanto, em 2013 o governo Mujica aprovou a lei de regulação da produção e comercialização da maconha, atualmente vendida em farmácias para consumidores registrados. O assunto tornou-se notícia mundial.
Quatro anos depois, em 2017, o vizinho sul-americano deu início à comercialização legalizada da cannabis em farmácias, outro movimento pioneiro, registrando compradores e controlando de perto a produção e a venda para fins recreativos e medicinais, por meio do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA), órgão criado para se dedicar exclusivamente a esse mercado.
Em 2023, seis anos de comércio legal de cannabis, mais de 10 toneladas de maconha foram compradas de forma regular nas farmácias registradas do país. Apesar de contabilizar 61 mil pessoas com permissão para a compra, apenas 40% dos registrados efetivamente adquirem a erva, segundo informe do mercado regulado de cannabis, elaborado pelo IRCCA em dezembro do ano passado. A aquisição média por comprador é de 14 a 15 gramas por mês, bem inferior ao máximo permitido, de 10 gramas por semana.
Outros países e regiões seguiram na mesma direção e optaram por legalizar a cannabis, como o Canadá, a Holanda e diversos estados americanos, como a Califórnia e Nova York.
*Com Agência Brasil