O DJ mineiro Melques Viber, de 33 anos, vive dias de terror em Tel Aviv, capital de Israel, onde está hospedado em meio à troca de ataques entre israelenses e iranianos. Na cidade a passeio há pouco menos de uma semana, agora ele não tem horizonte de quando conseguirá deixar o país, que permanece com o espaço aéreo fechado sem previsão de liberação. Como o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião, também retido em Israel, já declarou, Melques compara a situação a um cenário cinematográfico: “principalmente no começo, a situação foi muito difícil, porque a sensação é a de estar vivendo um filme de terror, com muita apreensão”.
Ao mesmo tempo, ele relata que os ataques iranianos, iniciados em retaliação à investida israelense na sexta-feira (13/06), tem se concentrado à noite, e que, durante a manhã, alguns cidadãos do país levam uma vida próxima da normalidade. “Por enquanto, durante o dia, as coisas estão relativamente normais. O pessoal que é daqui e está mais acostumado a essa dinâmica vai à praia. Consigo ver daqui e tem muita gente na praia. Isso durante o dia, mas à noite aqui da janela vejo um táxi de vez em quando e fica deserto”, conta.
Ele mesmo tem evitado sair do prédio onde se hospedou e está passando os dias com um amigo, outro turista brasileiro. O edifício tem um bunker para o qual os dois precisam correr do terceiro andar assim que ouvem as sirenes de alerta soarem. “A noite passada foi a pior. Até quando não tinha sirene, eu a escutava, porque não se dorme direito. Tem que dar um pulo do nada. Por mais que não tenhamos precisado ficar muito tempo no bunker, uns 20 minutos, ou dormir lá, é agonizante, porque não tem janela, é quente e claustrofóbico”, diz.
Natural de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, Melques vive há cerca de um ano na Europa, onde se apresenta como DJ em diferentes eventos. Ele viajou a Israel para acompanhar a parada LGBTQIAPN+ de Tel Aviv, para a qual eram esperadas dezenas de milhares de pessoas. O evento só foi cancelado oficialmente na sexta, devido aos ataques de míssil. “No ano passado, cancelaram. Neste ano, estava confirmado, [e pensei] que não iriam correr o risco se tivesse a previsão de ocorrer algo maior. Ninguém contava com isso nessa proporção. O risco de algo ocorrer existia, mas não nessa proporção”, explica Melques.
Ele tocaria na EuroPride 2025, a parada LGBTQIAPN+ em Lisboa, no sábado (21/06), mas já não está certo se conseguirá. Ele afirma ter entrado em contato com a embaixada do Brasil em Israel para solicitar ajuda para sair do país e que o órgão solicitou seus dados sem dar detalhes sobre um possível plano de fuga.
Por ora, o Itamaraty afirma ter feito contato junto ao Ministério de Relações Exteriores de Israel para que as autoridades brasileiras retidas “tenham garantias de segurança e possam retornar ao Brasil assim que as condições naquele país permitirem”. Uma das possibilidades é abrir caminho terrestre para a Jordânia, país vizinho a Israel.
Prefeito de BH está em segurança, diz governo municipal
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) confirmou, neste sábado, que o prefeito, Álvaro Damião, e o secretário municipal de Segurança Pública, Márcio Lobato, permanecem na cidade de Kfar Saba, a 20 km de Tel Aviv. “Eles seguem no alojamento, em segurança, à espera de uma definição entre o governo brasileiro e israelense para o retorno ao Brasil”, diz a nota do governo.
Eles fazem parte de uma comitiva de 18 autoridades de nove Estados brasileiros, incluindo outros prefeitos, como os governantes de João Pessoa (PB) e de Nova Friburgo (RJ). Eles foram convidados pelo governo israelense a participar da Expo Muni 2025, feira internacional de inovação e e tecnologia.