Um novo estudo genético está chamando atenção do mundo científico: os cães que vivem na Zona de Exclusão de Chernobyl, na Ucrânia, estão apresentando alterações genéticas que sugerem um possível processo de evolução acelerada diante da exposição prolongada à radiação.

Cães vivendo entre os escombros da tragédia nuclear

Desde o desastre nuclear de 1986, centenas de cães abandonados passaram a viver nos arredores do reator de Chernobyl. Hoje, eles formam populações isoladas que sobrevivem em condições extremas — e estão sendo estudados por cientistas interessados em entender os efeitos da radiação no genoma de mamíferos.

Populações geneticamente distintas

Pesquisadores analisaram mais de 300 cães encontrados tanto nas proximidades do reator quanto em áreas urbanas próximas, como a cidade de Chernobyl. O resultado revelou dois grupos geneticamente separados, com pouca mistura entre eles. A separação sugere que essas populações estão evoluindo de forma independente.

Sem mutações monstruosas, mas com adaptações

Apesar das especulações populares sobre "cães mutantes", os estudos não encontraram mutações dramáticas. No entanto, foi identificado um grupo de 52 genes relacionados à resposta imunológica, reparo de DNA e controle celular que parecem estar se adaptando ao ambiente tóxico — um possível sinal de evolução.

Radiação não é o único fator

Curiosamente, os cientistas não atribuem as mudanças genéticas exclusivamente à radiação. Contaminação por metais pesados, pesticidas e outros poluentes também pode estar pressionando geneticamente esses animais. A hipótese é que esses cães estejam passando por uma seleção natural silenciosa, sobrevivendo apenas os mais adaptados.

O que ainda falta descobrir

  • Como essas mudanças genéticas afetam o comportamento ou a saúde dos cães?
  • Essas alterações são permanentes ou podem regredir com o tempo?
  • Outras espécies na região estão passando pelo mesmo fenômeno?

O que dizem os cientistas

Matthew Breen, um dos autores do estudo, destaca que é prematuro falar em “evolução acelerada”, mas admite que há indícios de que a natureza está encontrando formas de adaptação em meio ao colapso ambiental. “Esses cães são sobreviventes extraordinários”, afirma.

Veja imagens dos cães de Chernobyl

Link para o estudo original

O estudo completo foi publicado na revista científica PLOS ONE, e traz detalhes sobre a metodologia e os resultados encontrados.

As pessoas também perguntam

🐾 Os cães de Chernobyl são perigosos?

Não. Apesar de viverem em ambiente contaminado, os cães de Chernobyl não apresentam comportamento agressivo. Muitos são alimentados por voluntários e turistas controlados.

🌍 Existem outras espécies evoluindo em Chernobyl?

Sim. Estão sendo estudadas mutações e adaptações em aves, roedores e insetos que vivem no mesmo ambiente contaminado.

🧪 É possível que humanos desenvolvam resistência semelhante?

Não há evidências disso. As alterações vistas nos cães envolvem gerações sucessivas sob exposição constante, o que não se aplica ao organismo humano em curto prazo.