A Trump Organization, conglomerado da família do presidente dos Estados Unidos, lançou um smartphone dourado chamado T1, com preço de US$ 499 (R$ 2.738,06), com Android como sistema operacional. O anúncio ocorreu na última segunda-feira (17). Apesar da empresa afirmar que o telefone será "construído 100% nos Estados Unidos", especialistas do setor tecnológico garantem que o aparelho será fabricado na China. As informações são da CNBC, emissora norte-americana.

O lançamento acontece enquanto Donald Trump, proprietário da Trump Organization e presidente dos Estados Unidos, ameaça impor tarifas sobre dispositivos eletrônicos importados para o país, como parte de uma estratégia para incentivar a produção em solo americano.

Francisco Jeronimo, vice-presidente da International Data Corp., afirmou à CNBC na terça-feira: "Não há como o telefone ter sido projetado do zero e não há como ele ser montado nos EUA ou completamente fabricado nos EUA. Isso é completamente impossível."

O T1 será provavelmente produzido por um fabricante original de dispositivos chinês, segundo os especialistas. Blake Przesmicki, analista da Counterpoint Research, confirmou essa visão em nota divulgada na segunda-feira: "Apesar de ser anunciado como um telefone fabricado nos Estados Unidos, é provável que este dispositivo seja inicialmente produzido por um ODM chinês."

Falta capacidade de produção total no país

Jeff Fieldhack, diretor de pesquisa da Counterpoint Research, destacou que "os Estados Unidos não possuem capacidades de fabricação local prontamente disponíveis." A fabricação de smartphones em território americano seria praticamente inviável e elevaria substancialmente os preços dos produtos.

O estabelecimento de uma infraestrutura de fabricação em larga escala nos Estados Unidos representaria um projeto de longo prazo. As cadeias de suprimentos de smartphones são globais, dependendo de componentes de diversos países.

O T1 terá uma tela AMOLED de 6,8 polegadas, tecnologia produzida principalmente pela sul-coreana Samsung. O iPhone 16 Pro Max da Apple possui uma tela de 6,9 polegadas, com preço inicial de US$ 1.199.

Pelo preço de US$ 499, analistas acreditam que o smartphone utilizará um processador da taiwanesa MediaTek, fabricado em Taiwan. A câmera de 50 megapixels necessitará de chips de sensores de imagem, mercado dominado pela japonesa Sony no segmento de smartphones.

A memória do dispositivo é uma das poucas áreas onde tecnologia americana poderia ser empregada, possivelmente da Micron. Outros fornecedores globais, como a Samsung, também são potenciais fornecedores para este componente.

"Mesmo quando há fabricação local disponível, a empresa terá que depender de componentes importados de fora dos EUA", explicou Fieldhack, ressaltando a natureza global da cadeia de suprimentos para smartphones.

A Trump Organization não havia se manifestado até o fechamento desta matéria.