Manoel Marins Filho, pai de Juliana, 26, se manifestou pela primeira vez sobre a morte da filha em publicação no Instagram na noite desta terça-feira (24), com uma foto dela e a letra da música "Pedaço de mim", de Chico Buarque. Quando a morte de Juliana foi confirmada pela família, no fim da manhã, ele ainda estava em viagem a caminho da Indonésia e não tinha conhecimento. Ele embarcou de Lisboa, capital portuguesa, para Bali e depois seguiu para a Indonésia.

O post de Marins Filho foi seguido por muitas lamentações e pesares de seguidores e amigos. Agora ele deve acompanhar o resgate do corpo da filha, que começaria logo após a chegada da equipe ao local onde ele estava, por volta das 8h locais de quarta (25, 18h de terça em Brasília). Ela foi encontrada morta pelas equipes de busca após quatro dias isolada na trilha do vulcão Rinjani, na Indonésia, segundo a família.

Ao todo, 48 pessoas de diversos órgãos estavam envolvidas na operação de resgate da turista brasileira. Mais cedo, nesta terça, foi tentado novamente o uso de um helicóptero, mas condições climáticas impediram a chegada até ela.

Juliana Marins é 10ª pessoa a morrer no Monte Rinjani, na Indonésia, desde 2020

Entenda o caso Juliana Marins

O drama começou na sexta-feira (20), depois de Juliana cair durante a trilha que fazia para chegar até o cume do vulcão, na ilha de Lombok. Segundo a família, ela teria relatado que estava cansada durante o trajeto -que levaria três dias-, e o guia teria dito para ela descansar enquanto o grupo seguiu caminhando. Sozinha, a brasileira teria caído em um local íngreme, de difícil acesso.

As equipes de busca foram reforçadas após as críticas da família. Os governos da Indonésia e do Brasil se mobilizaram e anunciaram ações para tentar salvar a turista. O resgate gerou comoção nas redes sociais. Apenas nesta segunda-feira (23), Juliana foi localizada com ajuda de um drone térmico. Ela estava presa em um penhasco rochoso e visualmente imóvel, de acordo com a direção do parque onde fica a trilha.

O local era de difícil acesso tanto para alpinistas quanto por helicóptero, e as buscas tiveram de ser paralisadas diversas vezes por conta do tempo ruim. Nesta terça-feira (24), durante a manhã no horário local (noite de segunda no Brasil), as atividades ficaram concentradas na descida direta até onde Juliana estava, utilizando técnicas de resgate vertical, embora o terreno e o clima do penhasco ainda representem grandes desafios.

Trilha é considerada difícil

A trilha seguida por Juliana até o vulcão Rinjani é uma das mais populares do país asiático. A 3.726 metros de altitude, o monte está localizado na ilha de Lombok e é o segundo maior do país. O trajeto até o cume do vulcão pode levar até quatro dias, segundo informações do Parque Nacional do Monte Rinjani e de agências de montanhismo locais. A publicitária iniciou o trajeto na sexta-feira (20), quando caiu a cerca de 300 metros da trilha. Ela faria a escalada até domingo. A vista de cima do vulcão Rinjani é uma das principais atrações do Parque Nacional do Monte Rinjani, área preservada de 41 mil hectares que atrai turistas de todo o mundo. Dentro do monte, a caldeira do vulcão, com mais de 50 quilômetros quadrados, guarda o lago Segara Anak, uma fonte termal natural.

É possível chegar ao local por duas cidades, Senaru e Sembalum. Para fazer a trilha, os visitantes precisam de um alto nível de preparo físico, diz o parque, acrescentando, em sua página oficial, que visitantes já morreram por não seguirem as recomendações e preparos sugeridos. Normalmente, a escalada até o entorno da cratera dura dois dias e uma noite -trajeto que seria feito por Juliana-, mas também é possível fazer a caminhada com até quatro dias e duas ou três noites de duração. Agências locais oferecem o serviço de guia para grupos de diferentes tamanhos.

Durante o trajeto, há postos na região para descanso e alimentação. A brasileira teria contratado uma empresa local chamada Ryan Tour. O parque ainda recomenda que o trajeto seja feito com guias certificados. Quem preferir pode alugar equipamentos em um dos centros disponíveis aos arredores da montanha -nesses casos, o viajante precisa assinar um termo de responsabilidade. Ainda na página oficial, o Parque Nacional do Monte Rinjani diz que a HPI (Associação de Guias Licenciados, em português) emite certificação para os guias do Monte Rinjani, no entanto, ressalta que o padrão de certificação e o treinamento exigido para os profissionais locais não são tão rigorosos quanto outros países. "Acidentes graves, incluindo fatalidades, ocorrem em trilhas no Rinjani conduzidas por esses guias", completa.

Para a escalada, são sugeridas botas, jaquetas impermeáveis e lanterna para cabeça. Para quem pretende alcançar o topo do vulcão, o parque aconselha utilizar bastões de caminhada. Por causa da altitude e variações de umidade no local, a temperatura durante o trajeto da trilha pode chegar a 4ºC. Nas redes sociais, montanhistas e entusiastas relatam dificuldade para acessar o topo do monte. Parte relata dificuldades causados pela poeira, especialmente nos meses de junho e agosto, e pelo trajeto escorregadio na subida. O último registro de erupção do vulcão é de 2010, segundo informações do Parque Nacional do Monte Rinjani.