Cinco dias de uso ininterrupto de cocaína foram suficientes para levar um homem à beira da morte e mudar sua trajetória de vida. O britânico de Salisbury, no condado de Wiltshire, sofreu uma psicose induzida por drogas em 2021, entrou em coma e ficou com os olhos completamente vermelhos e cegos por semanas. A cena foi tão marcante que, ao retornar ao trabalho, um idoso o perseguiu com uma bíblia na mão, convencido de que ele era o “diabo”.

O episódio foi um dos mais extremos vividos por Dave Mullen, que travava uma longa batalha contra a dependência química desde a adolescência. Seu primeiro contato com a cocaína aconteceu no dia do seu aniversário de 17 anos, em um pub. Em pouco tempo, o uso ocasional evoluiu para uma rotina de abusos severos: maratonas de até sete dias consumindo cocaína, combinadas com o consumo diário de excesso de álcool — chegando a 15 canecas de cerveja por noite.

Apesar do coma e da hospitalização, ele ainda teve recaídas. O ponto de virada definitivo ocorreu apenas em março de 2024, quando foi novamente internado e recebeu dos médicos um aviso claro: se continuasse, morreria. No início daquele mês, decidiu interromper completamente o uso de drogas e álcool.

Jovem compartilhou fotos de hospitalizações e da época da dependência. Reprodução | Redes sociais.

 

Desde então, Mullen vem documentando sua recuperação no TikTok e buscando ajudar outras pessoas que enfrentam o mesmo vício. Ele trocou o consumo pelas atividades físicas e, apesar das sequelas físicas e psicológicas que carrega, afirma estar determinado a seguir em frente.

"15 meses depois, estou aqui, tenho uma conta no TikTok e ainda não olhei para trás. Me sinto completamente renascido e agora estou animado com meu futuro", contou ao Daily Mail. "Acho que minha história e as fotos mostram que é perigoso e não quero que a cocaína seja tão normalizada e aceitável na sociedade", completou.

Agora, o britânico planeja lançar um grupo de apoio chamado “Dark Days 2 Brighter Ways”, voltado a dependentes químicos que buscam apoio e inspiração. Ele também critica a banalização do consumo de cocaína e a falta de informação acessível sobre os perigos do uso.