A 27° temporada de "South Park", que estreou nesta quarta-feira (23), retrata polêmicas envolvendo Donald Trump. O episódio de estreia fez referência ao acordo de US$ 16 milhões (cerca de R$ 89 milhões) entre o presidente americano e a proprietária do programa, a Paramount, e exibiu um trecho gerado por inteligência artificial em que Trump aparece pelado.

Em um comunicado, a porta-voz da Casa Branca, Taylor Rogers, disse que "South Park" "não é relevante há mais de 20 anos e está se segurando por um fio com ideias sem inspiração numa tentativa desesperada de chamar atenção".

"O presidente Trump cumpriu mais promessas em apenas seis meses do que qualquer outro presidente na história do nosso país -e nenhum programa de quarta categoria pode descarrilar a boa fase do presidente Trump", acrescentou.

Em um painel da San Diego Comic Con nesta sexta-feira (25), os criadores, Trey Parker e Matt Stone, foram questionados sobre o episódio. Eles disseram que estão "terrivelmente arrependidos", o que arrancou diversas risadas da plateia, e mencionaram que a Paramount foi resistente ao episódio. Segundo eles, a emissora queria censurar o pênis de Trump.

"Não, vocês não vão borrar o pênis dele", teria dito Parker à rede. "Se colocarmos olhos no pênis, não vamos borrá-lo. Foi uma conversa inteira com pessoas adultas por quatro dias!", afirmou Stone no painel.

A estreia aconteceu no mesmo dia em que a Paramount fechou um acordo de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,34 bilhões) com a produtora de "South Park". A série migrou para o streaming da rede e serão produzidos 50 novos episódios.

COMO É O EPISÓDIO

No episódio de estreia, intitulado "Sermão na Montanha", Trump processa a cidade de South Park por US$ 5 bilhões (R$ 27,81 bilhões), alegando que a presença de Jesus Cristo foi questionada durante uma aula para crianças.

"Sermão na Montanha" também inclui uma cena em que Trump aparece na cama com o diabo, que está preocupado com seu nome possivelmente estar envolvido no caso Epstein -o presidente americano afirmou que iria divulgar a infame lista do ex-magnata, condenado por crimes sexuais.

Jesus Cristo aparece e sugere que os moradores façam um acordo com o presidente. "Vocês viram o que aconteceu com a CBS? Sim, bem, adivinhem quem é dono da CBS? A Paramount", diz. "Vocês realmente querem acabar como Colbert?".

A fala refere-se ao cancelamento de "The Late Show", apresentado por Stephen Colbert, crítico das políticas de Trump. O fim do programa foi anunciado três dias após Colbert chamar um acordo entre Trump e Paramount de "um grande e gordo suborno".

Donald Trump processou a CBS, emissora do programa, por editar de forma supostamente enganosa uma entrevista do programa "60 Minutes" com a ex-vice-presidente Kamala Harris. A CBS negou a alegação, mas a Paramount fechou o acordo. A empresa se prepara para ser vendida à Skydance Media, conglomerado de entretenimento cujo CEO é aliado de Trump. Para que a fusão ocorra, é necessário ter aprovação do governo, por meio da Comissão Federal de Comunicações.

O episódio acaba com um anúncio de serviço público gerado por inteligência artificial que retrata de forma realista Donald Trump, pelado. Um pênis animado então aparece e fala: "Eu sou Donald J. Trump e aprovo esta mensagem". Em seguida aparece a frase: "Trump. Seu pênis pode ser pequeno, mas seu amor por nós é imenso".