Israel afirmou que vai retomar neste sábado (26) o lançamento aéreo de comida para a Faixa de Gaza. O anúncio acontece poucos dias após denúncia de mais de cem organizações de ajuda humanitária contra as restrições impostas por Tel Aviv a comboios de alimentos e em meio a cenário catastrófico de fome em massa no território conflagrado.

Após o anúncio da retomada da ajuda por avião, o Exército israelense declarou em outro comunicado que criará corredores humanitários para permitir o movimento seguro de comboios da ONU na entrega de ajuda à população palestina.

A criação de vias seguras é um pedido de organizações de ajuda humanitária, que afirmam não ser possível trabalhar no território, que é constantemente bombardeado pelas Forças Armadas israelenses em meio ao conflito em andamento contra o Hamas.

A ajuda lançada por via aérea por Israel consiste em caixas com farinha, açúcar e alimentos enlatados, fornecidos por organizações internacionais, segundo o Exército israelense. Pessoas em Gaza já confirmaram que a ajuda começou a ser lançada no norte, segundo relatos à agência Reuters.

Israel, que cortou todos os suprimentos para Gaza no início de março e voltou a permitir a entrada, com novas restrições, em maio, afirma que está comprometido a permitir a entrada de ajuda, mas que precisa controlá-la para evitar que seja desviada pelo Hamas, organização terrorista que comanda a região, responsável pelo ataque de 7 de outubro de 2023 que desencadeou o conflito atual.

Tel Aviv culpa a facção pelo sofrimento dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza. Israel também acusou a ONU de não agir com agilidade, afirmando que 700 caminhões de ajuda estão parados dentro de Gaza.

"As Forças de Defesa de Israel (IDF) enfatizam que não há fome na Faixa de Gaza; trata-se de uma campanha falsa promovida pelo Hamas", disse o Exército em seu comunicado de sábado.
"A responsabilidade pela distribuição de alimentos à população em Gaza é da ONU e das organizações internacionais de ajuda. Portanto, espera-se que a ONU e essas organizações melhorem a eficácia na distribuição e garantam que a ajuda não chegue ao Hamas."

Mais de 800 pessoas foram mortas nas últimas semanas tentando obter alimentos, principalmente em tiroteios em massa perpetrados por soldados israelenses posicionados perto dos centros de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza (FHG).
A fundação, apoiada pelos Estados Unidos, tem sido duramente criticada por organizações humanitárias, incluindo as Nações Unidas, por sua suposta falta de neutralidade.

Segundo a ONU, um terço das pessoas em Gaza passa mais de um dia sem comer. Dados de junho sugerem também que a população consome em média 1.400 calorias por dia, ou seja, apenas 67% do recomendado.

Já de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 40 pessoas morreram de fome neste mês, elevando o total desde o início do conflito a 122 óbitos --mais de 80 seriam crianças. Durante a semana, foram divulgadas fotos de crianças desnutridas na região, o que aumentaram a pressão sob Israel.