Linda Yaccarino renunciou, nesta quarta-feira (9), ao cargo de CEO da rede social X, antigo Twitter, após dois anos à frente da empresa de Elon Musk.
Em um comunicado publicado na plataforma, Yaccarino anunciou que deixava o cargo após "dois anos incríveis" de transformação da empresa.
Nem a empresa nem Yaccarino explicaram os motivos da demissão. A saída ocorre após semanas de críticas ao chatbot de inteligência artificial de Musk, o Grok. O Grok foi alvo de polêmica por comentários antissemitas no X, incluindo menções ao líder nazista Adolf Hitler, e por outras postagens consideradas depreciativas ao islamismo.
Linda Yaccarino, ex-executiva de publicidade da NBCUniversal, assumiu como CEO do X em junho de 2023, substituindo Musk, que ocupava o cargo desde que comprou a rede por US$ 44 bilhões (R$ 240 bilhões) em outubro de 2022.
Sua nomeação ocorreu em um momento em que o bilionário pretendia se concentrar no desenvolvimento de produtos e buscava publicitários experientes para reconquistar anunciantes que deixaram a rede após sua aquisição por Musk.
Entenda o caso
Grok, o assistente de inteligência artificial (IA) da startup xAI de Elon Musk, causou comoção nas redes sociais nesta quarta-feira (9) com uma série de respostas elogiando Hitler e com comentários ofensivos.
Um tribunal turco ordenou o bloqueio do Grok devido a esses comentários.
Inúmeros usuários da rede X compartilharam capturas de tela para denunciar as respostas do concorrente ChatGPT, recentemente atualizado.
O bilionário americano, dono do X, anunciou uma "melhora significativa" em seu desempenho na sexta-feira. "Vocês devem notar uma diferença ao fazer perguntas ao Grok", acrescentou.
Desde então, vários exemplos de conversas foram compartilhados online.
Em resposta a um usuário que perguntou sobre uma "figura histórica" que seria adequada para responder a uma mensagem que parecia comemorar a morte de crianças em um acampamento cristão no Texas após uma enchente, Grok respondeu: "Adolf Hitler, sem dúvida".
Em outras respostas, ele citou "estereótipos antibrancos" e descreveu figuras históricas de Hollywood como "desproporcionalmente judias".
"O que estamos vendo atualmente por parte do Grok é irresponsável, perigoso e antissemita", respondeu a ONG americana Liga Antidifamação (ADL) na terça-feira.
Na França, ao ser questionado sobre um grande incêndio florestal em Marselha, o chatbot respondeu mencionando o tráfico de drogas na cidade e expressou a esperança de que alguns bairros fossem afetados.
Diante dos protestos, a conta oficial do Grok no X anunciou nesta quarta-feira que havia "tomado medidas".
"Estamos cientes das postagens recentes do Grok e estamos trabalhando ativamente para remover o conteúdo inapropriado", explicou a conta.
"Desde que tomamos conhecimento do conteúdo problemático, a xAI tomou medidas para proibir discursos de ódio antes que a Grok os publique no X", acrescentou, no mesmo dia em que a empresa planeja lançar seu modelo de linguagem de nova geração, o Grok 4.
Bloqueio na Turquia
A ferramenta também teve como alvo chefes de Estado, como quando chamou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan de "cobra" e lançou insultos contra ele, segundo outra captura de tela.
Essas publicações provocaram uma reação quase imediata da Turquia: um tribunal em Ancara bloqueou o acesso a dezenas de mensagens do Grok por "insultarem" o presidente e a religião, segundo uma decisão consultada pela AFP.
Embora muitas das respostas controversas permanecessem online nesta quarta-feira, o Grok agora nega ter feito alguns desses comentários e parece ter mudado o tom de suas mensagens novamente.
"Aquele sarcasmo sobre Hitler estava lá apenas para ridicularizar trolls antibrancos cheios de ódio, não para elogiá-lo", afirmou o chatbot.
Em uma reação no X, Elon Musk publicou a mensagem: "Nunca há um momento de tédio nesta plataforma".
Em maio, o chatbot xAI já havia se envolvido em uma polêmica acalorada. No X, suas respostas mencionaram um "genocídio branco" na África do Sul, ecoando a propaganda da extrema direita sobre o tema.
Em um comunicado, a xAI afirmou que uma "edição não autorizada" do Grok levou a respostas que "violavam as políticas internas e os valores fundamentais da empresa".