Marcado por ondas de calor que fizeram países europeus ferverem, o último mês de junho foi considerado o terceiro mais quente já registrado. Com uma temperatura global média de 16,46°C, o mês foi 0,20°C mais frio que o recorde (junho de 2024), e 0,06°C mais frio que o mesmo período de 2023. Os dados são do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, e foram divulgados na noite desta terça-feira (8).
O mês passado ficou 1,3°C acima da média estimada para o período que antecedeu a Revolução Industrial (1850-1900), usado como referência para traçar as metas adotadas no Acordo de Paris. Pelo tratado, os países se comprometeram a limitar o aumento de temperatura global a, preferencialmente, 1,5°C e, no máximo, 2°C até o final do século.
Segundo o observatório, junho passado foi apenas o terceiro mês, dos últimos 24, em que a temperatura global ficou abaixo do limite de 1,5°C de aquecimento. O período de 12 meses de julho de 2024 a junho de 2025 ficou 1,55°C acima do nível pré-industrial.
O oeste europeu teve o junho mais quente já registrado, com uma temperatura média de 20,49°C, superando por pouco (apenas 0,06°C) o recorde anterior, estabelecido em 2003 (20,43°C).
Duas grandes ondas de calor -em meados e no final do mês passado- afetaram grandes partes do oeste e sul do continente, levando a incêndios florestais na Grécia e até mortes. Grande parte da região teve registros de sensação térmica superiores a 38°C, correspondendo a "estresse térmico muito forte", enquanto em Portugal o índice chegou a 48°C, ou "estresse térmico extremo".
"Esta onda de calor foi intensificada pelas temperaturas recordes da superfície do mar no Mediterrâneo ocidental", afirma Samantha Burgess, líder estratégica para o clima do Copernicus. "Em um mundo em aquecimento, as ondas de calor provavelmente se tornarão mais frequentes, mais intensas e afetarão mais pessoas em toda a Europa."
Estados Unidos, norte do Canadá, Ásia central, Ásia oriental e oeste da Antártida também registraram mais calor do que o normal no último mês. Já a Índia, o leste da Antártida e o sul da América do Sul tiveram temperaturas abaixo da média, com destaque para o frio recorde na Argentina e no Chile, com nevascas registradas em praias próximas a Buenos Aires e no deserto do Atacama.
Junho teve, ainda, índices preocupantes de derretimento nos polos do planeta. No Ártico, a extensão do gelo marinho ficou 6% abaixo da média, a segunda menor para o mês nos 47 anos de registro por satélite do observatório europeu. Na Antártida, o índice ficou 9% abaixo da média, sendo o terceiro valor mais baixo já registrado para o mês.
O Copernicus publica rotineiramente boletins climáticos mensais relatando as mudanças observadas nas temperaturas globais do ar e do mar, cobertura de gelo marinho e variáveis hidrológicas.