Oriente Médio

Caos no Iêmen eleva risco de guerra entre países vizinhos

Instabilidade teve início com a Primavera Árabe e se agravou com a queda de Saleh

Por Litza Mattos
Publicado em 01 de março de 2015 | 03:00
 
 
 
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Nos últimos anos, Síria e Ucrânia foram os países que mais despertaram preocupação em toda a comunidade internacional. E agora, outro país do Oriente Médio, o Iêmen – que também vem se associando a atividades terroristas e vive constante instabilidade – vem atraindo olhares de atenção ao redor do mundo.
 

“Há uma acirrada luta pelo poder no plano interno e um risco iminente de a conflituosidade se espalhar, como um rastro de pólvora, pela vizinhança regional”, analisa o professor de política internacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Dawisson Lopes.

Segundo ele, com uma história recente de unificação, mas sem conseguir, de fato, equacionar a relação entre os vários poderes regionais e também com os vizinhos, o Iêmen se tornou um verdadeiro quebra-cabeças no Oriente Médio.

“É um Estado falido, incapaz de manter, por si só, a ordem social. Isso se torna um problema quando a desordem doméstica passa a ameaçar outros países. Além disso, se o Iêmen for considerado refúgio e santuário para terroristas, países como os Estados Unidos acabam sendo prejudicados pelo desarranjo iemenita”, explica Lopes.

Ele acredita que a fraqueza institucional tem conexão direta do país com os ataques terroristas fora de seu território – o mais recente, à revista francesa “Charlie Hebdo”. “Como não há meios para impor a ordem e punir infratores, a criminalidade aumenta e se dissemina para além das fronteiras nacionais”, afirma.

Colapso. Com a capital controlada pela Milícia Huti e a forte presença da Al Qaeda na Península Arábica (tido como o grupo terrorista mais perigoso), a instabilidade política gerou também o caos econômico e social, com o país à beira de um colapso.

O chefe do departamento de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (Puc Minas), Jorge Lasmar, lembra que essa fragilidade generalizada começou depois que o presidente Ali Abdullah Saleh passou a promover conflitos e a usá-los como uma de suas políticas e até como um elemento de barganha para se manter no poder.

“O Iêmen tem relevância geoestratégica. Sempre foi um dos mais importantes centros da Al Qaeda. Além disso, há suspeitas de que os hutis recebam apoio do Irã, o que traz outro elemento de instabilidade, já que o país é rival da Arábia Saudita. Qualquer um desses cenários torna a situação politicamente ruim e instável”, analisa.

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