Os casos de sarampo no mundo quadruplicaram durante os primeiros três meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, alertou a OMS nesta segunda-feira, acrescentando que na África o aumento foi de 700%. 

Segundo o comunicado, neste ano foram 112.163 casos de sarampo relados por 170 países à OMS e. No mesmo período do ano passado, 28.124 casos de sarampo haviam sido registrados em 163 países, "representando um aumento de quase 300% em escala global".

De acordo com a agência da ONU, os números divulgados são provisórios e ainda estão incompletos. 

A OMS estima que menos de um em cada dez casos são relatados em todo o mundo. 

A África é a região mais afetada por este aumento, com uma elevação  de 700% nos primeiros três meses do ano (em comparação anual), seguida pela Europa (+300%), o Mediterrâneo Oriental (+100%), as Américas (+60%) e a região do Sudeste Asiático/Pacífico Ocidental (+40%).

O sarampo é uma das doenças mais contagiosas do mundo e para a qual não há tratamento curativo, mas pode ser prevenida com duas doses de uma vacina "segura e eficaz", segundo a OMS.

O sarampo está reaparecendo em todo o mundo por causa da desconfiança em relação as vacinas nos países ricos, enquanto nos países pobres o aumento se deve à falta de acesso à saúde.

Os "anti-vax" se baseiam em uma publicação de 1998 que relaciona esta vacina ao autismo. No entanto, foi estabelecido que seu autor, o britânico Andrew Wakefield, havia falsificado seus resultados, e vários estudos demonstraram desde então que a vacina não aumenta o risco de autismo.

Segundo a OMS, surtos de sarampo estão ocorrendo na República Democrática do Congo, Etiópia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Madagascar, Mianmar, Filipinas, Sudão, Tailândia e Ucrânia, "causando muitas mortes, principalmente entre as crianças muito novas".

"Nos últimos meses, o número de casos também atingiu picos em países com alta cobertura geral de imunização, particularmente nos Estados Unidos, Israel, Tailândia e Tunísia, à medida que a doença se espalhou entre grupos de pessoas não vacinadas", explicou a OMS.

Em 2017, 110.000 mortes atribuíveis ao sarampo foram registradas, de acordo com a OMS.

A doença se manifesta por febre alta e, em seguida, erupção de placas. É contagiosa quatro dias antes e depois desta erupção.

Muitas vezes benigna pode, no entanto, causar complicações graves, respiratórias (infecções pulmonares) e neurológicas (encefalite), especialmente em pessoas frágeis.

As autoridades de saúde globais enfatizam a importância da vacina, individualmente, mas também coletivamente: alta cobertura de imunização (95% da população) protege pessoas que não podem ser vacinadas, especialmente porque seu sistema imunológico está enfraquecido.

No entanto, esta taxa de cobertura global (para a primeira dose de vacina) estagnou por vários anos para 85% de acordo com a OMS.

Casos no Brasil

O Ministério da Saúde atualizou, no início deste ano, o número de casos de sarampo no Brasil. "Desde o início de 2018, até 8 de janeiro deste ano, foram confirmados 10.274 casos no Brasil", informou a pasta em seu site.

Segundo o ministério, o país enfrenta dois surtos de sarampo: no Amazonas com 9.778 casos confirmados e, em Roraima, com 355 casos. Três estados apresentaram óbitos pela doença: quatro em Roraima, seis no Amazonas e dois no Pará.

O aumento de casos fez o Brasil perder a certificação de país livre do sarampo, conferido pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) em 2016. (Com redação)