A pandemia de coronavírus na Venezuela, com um sistema de saúde precário, é um perigo para toda a região se não for controlada, alertou nesta quinta-feira uma autoridade do Departamento de Estado americano.

"A situação na Venezuela é extremamente nefasta (...) Se o país não puder lidar com a Covid-19, a doença irá para o Brasil, Colômbia e toda a região circundante, como estamos vendo com a crise de refugiados", declarou Carrie Filipetti, subsecretária de Estado para Cuba e Venezuela, em videoconferência.

"Veremos uma expansão da pandemia de Covid-19 na região, se não globalmente, se a Venezuela como país não puder enfrentar a crise", antecipou a diplomata em conferência organizada pelo Conselho das Américas.

A Venezuela vive uma crise política e econômica aguda, após seis anos consecutivos de recessão, inflação galopante e uma violenta depreciação da moeda local.

Soma-se a isso o colapso dos serviços públicos e a escassez de alimentos e medicamentos.

Segundo Filipetti, o país possui apenas 84 leitos em unidades de terapia intensiva para uma população de cerca de 30 milhões de pessoas.

"Isso significa que, no minuto em que a Venezuela chegar a mais de 1.500 casos, não terá capacidade para lidar com essa crise", ressaltou.

Além disso, 44% dos hospitais não têm eletricidade de maneira contínua, 66% não têm água corrente 24 horas, 64% não possuem equipamento de raio-X e 90% não possuem protocolos para tratamento respiratório contra vírus, apontou.

"Não há informações reais sobre o quão sério é para a Venezuela", disse a diplomata, referindo-se ao coronavírus que já matou mais de 22.000 pessoas em todo o mundo.

A Venezuela decretou a suspensão das atividades profissionais e escolares e declarou uma quarentena nacional.

O governo também ordenou o uso obrigatório de máscaras faciais em mercados, farmácias e hospitais e suspendeu todos os voos, exceto de cargas.

Em meio à crise, Maduro também prescreveu um suposto antídoto para o vírus feito com mel, malhojillo, gengibre e limão, entre outros ingredientes. Vários cientistas garantiram à AFP que este medicamento caseiro não cura o coronavírus.