Um homem com várias tatuagens contra um cirurgião famoso, uma lenda do futebol americano contra um pastor: os eleitores dos Estados Unidos comparecem às urnas na terça-feira (8) para as eleições de meio de mandato para renovar a Câmara de Representantes, um terço do Senado e quase 30 governos estaduais. A seguir a lista de duelos mais importantes na votação de 8 de novembro:

Pensilvânia

As eleições no estado são as que provocam mais atenção, porque podem decidir o controle do Senado. Na Pensilvânia, estado conhecido por seus grandes centros urbanos e indústrias em declínio, acontece uma luta amarga por uma cadeira que um senador republicano deixou vaga. O famoso cirurgião Mehmet Oz (60), que já teve um programa de TV muito popular, aspira a cadeira para o Partido Republicano e tem o apoio de Donald Trump, que mantém uma considerável influência sobre os eleitores.

Seu rival, o democrata John Fetterman (50), que tem 2,05 metros, que usa bermudas e moletom de capuz mesmo na neve, defende a legalização da maconha e o avanço dos sindicatos. Ex-prefeito de um pequeno município do estado, Fetterman se recupera de um derrame cerebral sofrido em maio e ainda tem dificuldades para encontrar certas palavras quando fala. Depois de liderar as pesquisas por muito tempo, ele viu a vantagem desaparecer nas últimas semanas. A disputa agora está muito acirrada para apontar um favorito.

Geórgia, II Ato

Depois de ter sido um foco em 2020 pela vitória de Joe Biden sobre Donald Trump na eleição presidencial por apenas 12.000 votos, a Geórgia volta a chamar a atenção por duas batalhas. O republicano e afro-americano Herschel Walker, ex-astro do futebol americano, quer conquistar a cadeira do Senado ocupada pelo pastor democrata Raphael Warnock, o primeiro senador negro eleito na Geórgia, um estado marcado pelas cicatrizes da segregação.

Walker, conhecido pelas opiniões contrárias ao aborto, foi acusado de pagar pelos abortos de várias ex-namoradas, lidera a disputa por apenas 1,4%, segundo as pesquisas. Além disso, também está em jogo o governo da Geórgia: o republicano Brian Kemp busca a reeleição contra a candidata democrata Stacey Abrams, uma afro-americana que trabalha há mais de 10 anos para mobilizar os eleitores negros no estado.

Duelos no deserto

No Arizona, a ex-jornalista Kari Lake, figura emblemática do trumpismo, lidera por pouco a disputa pelo governo contra a democrata Katie Hobbs. A republicana repete as alegações de Trump de que a eleição presidencial de 2020 foi fraudada, apesar das inúmeras evidências que negam isto. No estado vizinho de Nevada acontece uma batalha entre o republicano Adam Laxalt, que deseja derrotara democrata Catherine Cortez Masto, a primeira "latina" a chegar ao Senado pelo estado em 2017. A vantagem de Laxalt é de apenas 0,6%, segundo a média das pesquisas divulgada pelo site RealClearPolitics.

O "Cinturão da Ferrugem"

Ohio e Wisconsin, dois estados do "Rust Belt" ou "Cinturão da Ferrugem", áreas industriais historicamente democratas que votaram em Donald Trump em um contexto de desindustrialização, também são palcos de disputas intensas. Em Ohio, a batalha por uma cadeira no Senado atualmente ocupada por um republicano que se aposentou da política envolve seu correligionário J.D. Vance - ex-militar, autor de um livro sobre o sucesso da classe média branca - e o democrata Tim Ryan.

No Wisconsin, estado que Biden venceu por pouco em 2020 e onde Trump foi mais votado em 2016, o senador republicano Ron Johnson luta para manter sua cadeira contra o jovem democrata afro-americano Mandela Barnes, apoiado pela esquerda de seu partido.

As possíveis surpresas

Cada eleição tem sua parcela de surpresas. Durante as últimas semanas, analistas acompanham de perto um duelo em Iowa, onde o decano dos republicanos no Senado, Chuck Grassley, de 89 anos, enfrenta uma campanha de reeleição mais difícil do que o esperado contra o democrata Mike Franken.

Os republicanos também observam com cautela o duelo em Utah entre o senador Mike Lee e o independente Evan McMullin, muito próximo nas pesquisas. Ao mesmo tempo, os republicanos acreditam que podem conquistar cadeiras no Oregon, New Hampshire e Nova York, três estados que geralmente votam nos candidatos democratas. (AFP)