Inédito

Encíclica atribui ao homem a culpa pelo aquecimento global 

Texto do Vaticano que aborda o meio ambiente pela 1ª vez é publicado parcialmente antes do prazo


Publicado em 16 de junho de 2015 | 03:00
 
 
 
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RIO de Janeiro. Em um rascunho da encíclica sobre o meio ambiente publicado online ontem pela revista italiana “L’Espresso”, o papa Francisco chama o aquecimento global de uma grande ameaça à vida no planeta, diz que o fenômeno ocorre principalmente devido à atividade humana e descreve a necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis como uma questão “urgente”.

As palavras do pontífice aparecem em um rascunho de “Laudato Si” (“Seja Louvado”), sua encíclica muito aguardada sobre o meio ambiente. O texto foi publicado três dias antes da data oficial.

Enquanto reconhece que as causas naturais, incluindo a atividade vulcânica, desempenham um papel na mudança climática, o papa escreveu que “numerosos estudos científicos indicam que a maior parte do aquecimento global em décadas recentes ocorre devido à grande concentração de gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano, óxido de nitrogênio e outros) emitidos acima de tudo devido à atividade humana”.

No rascunho, o papa Francisco escreveu sobre um “consenso científico muito consistente que estamos na presença de um aquecimento alarmante do sistema climático”.

O papa escreveu que há uma necessidade “urgente e convincente” de políticas que reduzam as emissões de carbono, entre outras formas, por “substituição de combustíveis fósseis e o desenvolvimento de fontes renováveis de energia”.

Essa é a primeira vez em seus quase 2.000 anos de existência que a Igreja Católica formaliza um posicionamento sobre um tema ambiental. Por esse motivo, ONGs ligadas ao meio-ambientede todo o mundo estão promovendo uma campanha para elevar a visibilidade do assunto perante a opinião pública.

No Brasil, a iniciativa é liderada pelo Observatório do Clima. “A encíclica traz à tona o aspecto moral das alterações climáticas, que estão afetando especialmente as populações carentes e em situação de risco”, diz Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima.

Segundo ele, a campanha reconhece a importância da iniciativa do papa Francisco e mostra também que as mudanças climáticas são um assunto de interesse de todas as religiões.

O documento divulgado pelo jornal italiano é composto por uma introdução, seis capítulos e duas orações finais. São 191 páginas no total. O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que, apesar do vazamento, o embargo ao texto continua. “Foi publicada a versão italiana de um projeto de encíclica do papa ‘Seja louvado’. Por favor, saibam que esse não é o texto final e que a regra do embargo continua em vigor. Por favor, respeitem a imparcialidade jornalística e aguardem a publicação oficial do texto final”, solicitou.

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