A cidade americana da Filadélfia, sacudida por saques e protestos violentos após a morte de um homem negro nas mãos da polícia, anunciou nesta quarta-feira (28) um toque de recolher.
O toque de recolher vai vigorar entre as 21h locais (22h em Brasília) desta quarta-feira e as 06h (07h em Brasília) de quinta, anunciou o governo municipal, depois de o presidente republicano, Donald Trump, culpar o prefeito democrata, Jim Kenney, pela violência.
Milhares de pessoas têm ido às ruas da Filadélfia protestar desde a segunda-feira, quando a polícia matou a tiros Walter Wallace, um homem de 27 anos que estava armado com uma faca.
Em um bairro do norte da Filadélfia, lojas e caixas automáticos foram destruídos. Mais de 170 pessoas foram detidas desde a noite de segunda, segundo a polícia da cidade, que reportou 53 agentes feridos e 17 veículos policiais danificados.
A família de Wallace disse que ele era bipolar e chamou uma ambulância pelo serviço 911 (telefone para emergências nos Estados Unidos), mas quem atendeu foi a polícia. Os familiares se perguntam porque os agentes não usaram uma pistola Taser no lugar de armas de fogo.
A morte de Wallace e os protestos na Pensilvânia, um estado pendular chave na eleição presidencial de 3 de novembro, reacenderam as tensões entre republicanos e democratas.
"O que vejo é terrível e, francamente, o prefeito ou quem quer que seja que autoriza as pessoas se manifestar e saquear sem detê-las é igualmente terrível", disse Trump em Las Vegas, durante ato de campanha.
Em 2016, Trump venceu por apenas 40.000 votos a eleição na Pensilvânia, estado tradicionalmente democrata.
"Não comento coisas sobre Donald Trump, temos muito o que fazer nesta cidade, não traz nada positivo", respondeu o prefeito durante coletiva de imprensa, após qualificar a violência de "inaceitável". Segundo ele, o toque de recolher será estendido, se for necessário.
Em maio, a morte de George Floyd, um homem negro, asfixiado por um policial branco que se ajoelhou durante vários minutos sobre o seu pescoço, em Minnesota, deu origem a uma série de protestos em todo o país contra o racismo e a violência policial.
Trump, enquanto isso, promete a seus seguidores que defenderá "a lei e a ordem" se for reeleito.
Nesta terça, seu adversário, o democrata Joe Biden, e a candidata dele a vice, Kamala Harris, disseram em um comunicado que estavam com "o coração destroçado" pela morte de Wallace. Mas também pediram aos manifestantes para protestar pacificamente.
O caso
Dois policiais mataram Wallace com vários tiros na segunda-feira por volta das 16h locais (17h de Brasília), depois que ele se negou a soltar a faca.
Um vídeo gravado com um celular e publicado nas redes sociais mostra Wallace empurrando sua mãe, que tenta controlá-lo, e depois caminhando na direção dos policiais.
"Largue a faca!", grita um dos agentes filmados no vídeo, antes de abrir fogo.
Tropas da Guarda Nacional serão enviadas à cidade, disse o governador Tom Wolf.
O chefe da polícia da Pensilvânia abriu uma investigação sobre o caso.