O furacão Ian ameaça os estados americanos da Carolina do Norte e do Sul nesta sexta-feira (30), onde, segundo os meteorologistas, pode causar graves tempestades, depois de devastar parte da Flórida em seu caminho e deixar um número ainda desconhecido de mortes. Ao menos 12 pessoas morreram neste estado costeiro do sul dos Estados Unidos, onde se multiplicam as imagens de ruas transformadas em canais de águas turvas, embarcações jogadas no chão como se fossem brinquedos e casas destruídas.
Depois de enfraquecer ao atingir a Flórida, Ian recuperou força e status de furacão ao ressurgir no Atlântico e se dirigiu para os estados costeiros da Carolina do Norte e do Sul, de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos . "Chuvas torrenciais e inundações são esperadas nas Carolinas e no sudoeste da Virgínia", disse o NHC, referindo-se a esses estados do leste.
Ian, um dos furacões mais fortes que os Estados Unidos já sofreram, forçou o resgate de centenas de pessoas na Flórida, segundo o governador Ron DeSantis, segundo o qual ainda é cedo para estabelecer um número de mortos. "Com toda a certeza teremos vítimas mortais deste furacão", disse na quinta-feira, mas preferiu esperar que um balanço oficial seja confirmado "nos próximos dias".
"Este pode ser o furacão mais mortal da história da Flórida", disse o presidente Joe Biden durante uma visita aos escritórios da agência federal de combate a desastres naturais, FEMA, em Washington. Os números "ainda não são claros, mas recebemos informações que mostram uma perda substancial de vidas", acrescentou o presidente. Biden posteriormente declarou estado de emergência na Carolina do Sul, de acordo com um comunicado da Casa Branca.
Alertas
O NHC emitiu um alerta de furacão para toda a costa da Carolina do Sul e para áreas da Geórgia e Carolina do Norte. Ian tocará o solo nesta sexta-feira, segundo as previsões do NHC, depois "perderá força rapidamente ao entrar no sudeste dos Estados Unidos" entre sexta à noite e sábado.
Na cidade de Fort Myers, Flórida, onde Ian chegou como um furacão de categoria 4 (em uma escala de cinco), o aumento das águas submergiu alguns barcos no porto e empurrou outros para as ruas do centro. DeSantis chamou a destruição nesta parte do sudoeste da Flórida sem precedentes em "500 anos". "Nunca vimos uma onda de tempestade dessa magnitude", disse ele.
Tom Johnson, de Fort Myers, assistiu à devastação de seu apartamento no segundo andar. "Fiquei apavorado porque nunca tinha visto nada parecido", disse o homem de 54 anos à AFP. "Os sons de destroços e portas voando por toda parte eram horríveis." Um funcionário da Guarda Costeira disse na quinta-feira que equipes de helicóptero estavam resgatando pessoas dos telhados de suas casas inundadas pelo furacão.
Enquanto isso, a busca continuou por 18 pessoas desaparecidas na quarta-feira depois que um barco de imigrantes virou perto do arquipélago de Keys, no extremo sul da Flórida. Quatro cubanos nadaram até a costa em Keys.
Na escuridão
Parte das residências e comércios da Flórida ficaram sem energia como resultado da passagem de Ian. Segundo o site especializado PowerOutage, 2,1 milhões de residências ficaram sem energia elétrica neste estado nesta sexta-feira. Dada a magnitude dos danos, Biden declarou o estado de desastre natural maior na Flórida, uma decisão que permite que fundos federais adicionais sejam liberados para as regiões afetadas.
À medida que a superfície dos oceanos aquece, aumenta a frequência de furacões mais intensos, com ventos mais fortes e mais precipitação. Em Cuba, a energia elétrica retornou gradualmente após o apagão total provocado pelo furacão Ian, que causou pelo menos duas mortes na ilha antes de seguir em direção à costa dos Estados Unidos. (AFP)