Jornalista, ganhador de um Prêmio Pulitzer, e advogado, Glenn Greenwald, co-fundador do “The Intercept”, anunciou na tarde desta quinta-feira (29), pelo Twitter e em carta aberta, que pediu resignação do quadro de repórteres do periódico.

No texto publicado, ele acusa o site de censurar críticas que fez em uma matéria à candidatura de Joe Biden, candidato democrata opositor a Donald Trump nas eleições estadunidenses deste ano. 

“As mesmas tendências de repressão, censura e homogeneidade ideológica que infestam a imprensa nacional (EUA)” chegaram ao “jornal que eu co-fundei, culminando na censura de minhas próprias reportagens”, escreveu. 

Na carta, publicada na Substrack, plataforma de publicação para textos, ele afirma que o motivo principal de sua resignação foi a “violação de meu direito contratual de liberdade editoral”.

Ele alega que isso ocorreu quando os editores do “The Intercept” “censuraram um artigo que escrevi nesta semana, recusando-se a publicá-lo caso eu não retirasse todas as seções críticas ao candidato democrata à presidência (dos Estados Unidos) Joe Biden”. 

"Contudo, as patológicas, iliberais e repressivas mentalidades que me levaram a este bizarro espetáculo, de ser censurado no jornal que ajudei a fundar, não são exclusivas ao ‘The Intercept’”, continuou.  

Greenwald ainda afirma que Biden é “veementemente apoiado por todos os editores do The Intercept que vivem em Nova York” no que classificou como “um esforço de supressão (às críticas)”. O co-fundador do “The Intercept” afirma que continuará “fazendo jornalismo” na Substrack por ora.

Em apoio, o marido de Greenwald, o deputado federal David Miranda (PSOL), disse que o jornalista é "o homem mais íntegro" que conhece. "Não vende suas ideias e valores por nada nesse mundo. Minha inspiração em todos os momentos. Se demitiu do The intercept por causa de censura. Sigo firme apoiando e amando sua integridade", publicou o parlamentar.

Em resposta a uma seguidora, que questionou se Greenwald se ausentaria, também, das atividades que mantém no "The Intercept Brasil", Miranda afirmou que a resignação só se aplica à redação de Nova York. 

"(Glenn) acredita que todos que discordam dele é corrupto"

Após o anúncio, o corpo editorial do "The Intercept" publicou um texto rebatendo as críticas feitas pelo jornalista e afirmou que a demissão ocorrer por uma "discordância fundamental" sobre o papel da edição e produção de jornalismo. 

"Glenn impõe o direito absoluto de determinar o que ele quer publicar. Ele acredita que qualquer um que discorde dele é corrupto, e que qualquer edição de suas palavras é censura", diz o texto. "É importante deixar claro que nosso objetivo ao editar o trabalho dele é garantir que o texto seja preciso e justo", completa. 

(Leia a íntegra, em inglês, da resposta do "The Intercept")