Sofrimento

Grécia afirma que novo campo para migrantes em Lesbos estará pronto em 5 dias

Milhares de famílias passaram as últimas noites a céu aberto, no asfalto, nas calçadas ou nos campos de Lesbos, depois dos incêndios de terça e quarta-feira

Por AFP
Publicado em 13 de setembro de 2020 | 12:00
 
 
 
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O governo da Grécia afirmou neste domingo (13) que as novas instalações para demandantes de asilo, que permanecem nas ruas desde a destruição do grande e insalubre campo de Moria, na ilha de Lesbos, estarão prontas em cinco dias, enquanto os migrantes prosseguem com os protestos. 

"Em cinco dias a operação estará finalizada. Todos serão instalados no novo acampamento", afirmou o ministro grego das Migrações, Notis Mitarachi, que visitou Lesbos durante dois dias para coordenar os trabalhos. 

Milhares de famílias passaram as últimas noites a céu aberto, no asfalto, nas calçadas ou campos de Lesbos, depois dos incêndios de terça-feira e quarta-feira que destruíram o centro de registro e identificação de Moria, sem provocar vítimas. 

O campo foi criado em 2015 para limitar o número de migrantes que tentam entrar na Europa continental a partir da Turquia. Mais de 12 mil pessoas viviam no local, incluindo 4.000 menores de idade.

Durante os últimos anos, a falta de higiene e a superlotação no campo de Moria foram muito criticadas pelas ONGs que defendem os direitos dos refugiados, que pedem com frequência a transferência dos solicitantes de asilo mais vulneráveis para o continente. 

Os migrantes voltaram a protestar neste domingo, de maneira pacífica. Eles fizeram pedidos de ajuda a Europa. 

No sábado, 300 pessoas foram levadas para um novo campo, a 3 quilômetros de Mitilene, capital da ilha.

Uma pequena fila se formou diante da cerca do novo acampamento neste domingo.

As autoridades anunciaram restrições para a saída de migrantes do campo, devido à pandemia de covid-19. 

Mitarachi disse que quase 200 pessoas entre os demandantes de asilo podem estar infectadas com o novo coronavírus.

Centenas de migrantes não aceitaram o novo registro e não querem entrar em um novo campo, alegando que estão cansados de esperar em Moria por meses, ou anos, para uma transferência a instalações na Grécia continental.

Muitos migrantes temem a detenção após o confinamento em Moria pela pandemia. Eles criticam a falta de higiene, violência e confrontos quase diários entre diferentes etnias.

Protesto

No sábado, alguns migrantes protestaram para pedir a saída de Moria e lançaram pedras contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo.

"Em Moria nós conseguíamos entrar e sair, mas este campo será como uma prisão", afirmou Zola, uma congolesa que dorme com seu bebê de cinco meses ao lado da rodovia desde terça-feira.

Mitarachi insistiu que o campo permanecerá fechado por 12 horas e que os migrantes poderão sair no restante do dia. 

As forças antidistúrbios enviadas de Atenas impediram o acesso dos jornalistas ao novo campo neste domingo. 

Os campos de migrantes na Grécia, incluindo o de Moria, permaneceram confinados desde março pela covid-19. Até o momento foram detectados centenas de casos. 

Muitas ONGs e a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) consideraram que as medidas de confinamento nos campos eram "discriminatórias" e "excessivas", já que o governo flexibilizou as medidas no país em maio. 

As causas dos incêndios em Moria estão sendo investigadas, mas as autoridades sugerem que foram iniciados voluntariamente por demandantes de asilo que queriam sair da ilha.

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