Cinquenta anos após a Guerra do Yom Kippur, que foi definitiva para estabelecer o poder de Israel entre os vizinhos árabes, mais uma vez os israelenses se deparam com uma ofensiva forte e surpreendente. Mas agora o ataque, realizado pelo Hamas neste sábado (7), acontece em um contexto político diferente: Israel está bastante dividida devido à política do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

“O Hamas invade Israel em um momento de questionamentos ao governo, que tenta aprovar uma reforma que elimina a independência da Suprema Corte, o que gera enormes e contínuos protestos contra a gestão de Netanyahu”, avaliou Tanguy Baghdadi, professor universitário de Política Internacional e integrante do podcast Petit Jornal, ao lado do economista Daniel Sousa (que também é comentarista da Globo News).

Baghdadi destaca que o primeiro-ministro israelense poderá capitalizar politicamente com a escalada do antigo conflito. “Netanyahu deve ver esta guerra como uma emergência nacional que tende a unir a população israelense, deixando as crises políticas internas adormecidas por um tempo. Ele rapidamente declarou guerra e convocou reservistas e iniciou ataques aéreos contra Gaza”, escreveu. 

O governo de Netanyahu - uma coalizão de seu partido, Likud, com partidos da extrema direita e judeus ultraortodoxos - insiste em que a profunda reforma judicial é necessária para equilibrar as forças entre o Poder Judiciário e os políticos eleitos. A proposta dividiu profundamente a maioria judia de Israel. Os opositores alegam que lutam para defender a identidade liberal e democrática do país.

Há meses, Tel Aviv e outras grandes cidades israelenses têm sido palco de grandes manifestações contrárias a mudanças referentes ao Poder Judiciário. O medo é que Netanyahu transforme Israel em uma autocracia.  

Em guerra

Israel e Gaza entraram novamente em guerra neste sábado (7), após o lançamento de uma ofensiva surpresa do grupo islâmico palestino Hamas, que disparou milhares de foguetes e infiltrou combatentes por terra, mar e ar, com um saldo de mais de 40 mortos.

"Estamos em guerra", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que ordenou uma "ampla mobilização de reservistas". "O inimigo pagará um preço sem precedentes", prometeu o presidente em uma mensagem de vídeo, na qual reconheceu que o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, lançou "um ataque criminoso surpresa". 

O aumento da violência começou com uma onda de foguetes lançada de vários pontos da Faixa de Gaza a partir das 6h30 (00h30 no horário de Brasília) deste sábado. O braço armado do Hamas assumiu a responsabilidade pelo ataque e afirmou que milhares de projéteis foram lançados. 

As forças israelenses responderam com ataques aéreos contra alvos do Hamas em Gaza, e garantiram que também lutavam em solo israelense, perto do enclave palestino, contra milicianos infiltrados de Gaza por terra, mar e ar.

(Com AFP)