Comoção

Irã executa lutador condenado por matar segurança e COI critica decisão

Defesa alega que não havia provas contra Navid Afkari, que tinha 27 anos e era campeão iraniano de luta olímpica

Por AFP
Publicado em 12 de setembro de 2020 | 11:12
 
 
 
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O Comitê Olímpico Internacional (COI) ficou "chocado" neste sábado com a execução do lutador iraniano Navid Afkari,  que aconteceu neste sábado (12). O esportista foi condenado à morte pelo assassinato de um funcionário público durante as "revoltas" de 2018, reagiu a entidade sediada em Lausanne (Suíça). 
 
"É profundamente lamentável que os apelos de atletas de todo o mundo, e todo o trabalho do COI, com o Comitê Olímpico Iraniano, a Federação Internacional de Luta Livre e a Federação Iraniana de Luta Livre, não tenham alcançado seu objetivo", lamentou o COI. 
 
O órgão esportivo internacional se solidarizou com "a família e os amigos" do lutador .
 
"A execução do lutador iraniano Navid Afkari é uma notícia muito triste", indicou o comitê, através de um comunicado enviado à imprensa. 
 
“Respeitando a soberania da República Islâmica do Irã”, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, “fez um apelo esta semana ao Líder Supremo e ao presidente do Irã em cartas separadas”, e “pediu clemência para Navid Afkari”. 
 
De acordo com a autoridade judicial iraniana, Afkari, 27 anos, foi condenado por "homicídio culposo" de um funcionário da empresa pública de águas de Shiraz, que morreu esfaqueado em 2 de agosto de 2018.
 
Assim como outras cidades do Irã, Shiraz foi cenário em 2 de agosto de 2018 de manifestações contra o governo e a situação econômica e social do país.
 
A sentença de "qesas", ou seja a "lei de talião", uma pena de "retribuição", foi executada neste sábado na penitenciária de Shiraz, sul do país, informou o procurador-geral da província, Kazem Musavi, à televisão estatal.
 
A pena de morte foi aplicada "por insistência da família da vítima", acrescentou. 
 
De acordo com o advogado de Afkari, Hasan Yunesi, no domingo estava programada uma reunião com a família da vítima para "pedir perdão" e evitar a aplicação da pena de morte.
 
O veredicto foi polêmico e o apoio à clemência se multiplicou no Irã e em outros países após a publicação de informações de que o lutador de 27 anos havia sido condenado após confissões extraídas por meio de tortura. 
 
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional (AI) expressou na sexta-feira que Afkari e seus dois irmãos, condenados a longas penas de prisão no mesmo caso, são "as vítimas mais recentes do defeituoso sistema de justiça do Irã". 
 
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu clemência ao Irã por uma "grande estrela da luta ... que não fez nada além de participar de uma manifestação antigovernamental".

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