Determinação

Justiça colombiana ordena prisão domiciliar do ex-presidente Álvaro Uribe

Ex-presidente, que governou o país de 2002 a 2010, é acusado de fraude processual e suborno

Por Folhapress
Publicado em 04 de agosto de 2020 | 18:38
 
 
 
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A Justiça colombiana ordenou nesta terça-feira (4) a prisão provisória do ex-presidente Álvaro Uribe, 68, em um processo em que o ex-mandatário é acusado de fraude processual e suborno.

Segundo o jornal colombiano "El Espectador", apesar da medida ainda não ter sido notificada oficialmente pelo tribunal, Uribe recebeu uma ligação de um magistrado para confirmar a notícia publicada mais cedo pela imprensa do país.

Na ligação, o ex-mandatário, que governou de 2002 a 2010, teria sido informado de que cumpriria prisão provisória domiciliar.

Em mensagem no Twitter, Uribe também confirmou a informação dada inicialmente pelo programa de rádio La W e afirmou que a sua privação de liberdade lhe causa "profunda tristeza" por sua esposa, por sua família "e pelos colombianos que ainda creem" que ele fez algo bom pelo país.

Agora senador, e líder do partido Centro Democrático, o mesmo do presidente Iván Duque, Uribe foi o político mais poderoso das últimas décadas na Colômbia. Sua prisão provisória será a primeira de um ex-presidente do país.

A detenção de Uribe é uma reviravolta em um processo movido por ele em 2012, contra um de seus maiores adversários políticos, o senador da esquerda colombiana, Iván Cepeda.

Segundo o ex-mandatário do país, Cepeda teria contatado ex-paramilitares presos para que envolvessem o nome de Uribe em atividades criminosas dos grupos de extrema-direita que combateram as guerrilhas de esquerda do país.

Mas a corte se absteve de acusar Cepeda e, em 2018, decidiu abrir uma investigação contra o ex-presidente, sob a mesma suspeita, de manipular testemunhos contra seu opositor.

Se condenado, Uribe pode ser condenado a até oito anos de prisão.

O ex-presidente também é acusado de ter apoiado grupos paramilitares contra as guerrilhas, estimulando que se produzissem os chamados "falsos positivos" -assassinatos de civis de modo extrajudicial com a finalidade de atingir metas de mortes de guerrilheiros. Segundo a Human Rights Watch, essa prática fez pelo menos 2.500 vítimas.

Uribe foi um dos presidentes que mais concentraram poder no país, durante e depois de seu mandato.

Com uma popularidade que mesmo oito anos após deixar o cargo continuava acima dos 55%, Uribe conseguiu que o acordo de paz entre o Estado e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) fosse derrotado nas urnas e tivesse de ser aprovado de modo trôpego pelo Congresso.

Sua influência também determinou a vitória nas eleições de seus dois sucessores, Juan Manuel Santos (2010-2018) e Iván Duque.

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