Guerra

Líder do grupo Wagner promete ir "ir até o fim" para depor comando militar russo

O exército russo nega ter atacado o grupo Wagner e classificou as acusações como uma provocação

Por Agência
Publicado em 24 de junho de 2023 | 00:08
 
 
 
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O líder da milícia Wagner, peça-chave na ofensiva militar russa na Ucrânia, prometeu neste sábado (24, noite de sexta em Brasília) "ir até o fim" em sua missão de depor o comando militar russo, a quem acusou de bombardear suas bases.

Yevgueni Prigozhin afirmou que suas forças atravessaram a fronteira russa pelo oblast (estado federal) de Rostov, no sul da Rússia.

Ele também assegurou que suas forças vão "destruir tudo o que estiver em seu caminho" e que derrubaram um helicóptero russo que os atacou.

Diante disso, o governador de Rostov, Vasili Golubev, pediu à população que mantenha a calma e "não saia de casa, exceto por necessidade".

Enquanto isso, a agência de notícias estatal russa TASS informou que as autoridades reforçaram as medidas de segurança em "instalações críticas do governo e infraestrutura de transporte" em Moscou após a convocação do líder do Grupo Wagner.

Da mesma forma, o oblast de Lipetsk, a 420 km ao sul de Moscou, anunciou medidas de segurança reforçadas devido à proximidade dos combatentes da Wagner.

O exército russo negou ter atacado o grupo Wagner e classificou as acusações como uma "provocação", enquanto os serviços russos abriram uma investigação contra Prigozhin por tentativa de motim.

Prigozhin, considerado por algum tempo um aliado próximo do presidente russo, Vladimir Putin, foi ganhando influência política e se lançou em confronto com autoridades políticas e militares que agora parece ter transbordado para além da retórica.

Após suas críticas, o serviço de segurança russo (FSB, na sigla em russo) o acusou de fazer "um chamado para iniciar um conflito civil armado" e pediu aos combatentes da Wagner que "tomem medidas para detê-lo".

Putin Ciente

O procurador-geral russo, Igor Krasnov, informou Putin sobre a abertura de "uma investigação penal" contra Prigozhin por "rebelião armada", segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que garantiu que Putin é "constantemente" mantido a par da situação pelos serviços de segurança.

Prigozhin explicou posteriormente que não pretendia protagonizar um "golpe de Estado", mas que sua intenção era organizar uma "marcha pela justiça".

O chefe do Grupo Wagner declarou em uma mensagem de áudio que as tropas russas "realizaram bombardeios, lançamentos de mísseis, contra nossas bases de retaguarda" na frente ucraniana, o que resultou na morte de muitos de seus combatentes.

"O comitê de comando do Grupo Wagner decidiu que é preciso conter aqueles que têm responsabilidade militar no país", prosseguiu o líder dos mercenários, 62.

O Ministério da Defesa russo afirmou em um comunicado que as forças ucranianas estão aproveitando as disputas entre o Wagner e o Exército russo para preparar um ataque perto da cidade de Bakhmut, leste da Ucrânia.

"Nós somos 25.000 e iremos determinar as causas do caos que reina no país (...). Nossas reservas estratégicas são todo o Exército e todo o país", proclamou Prigozhin, convocando "todos os que quiserem" a se unirem a seus homens para "acabar com a desordem".

O exército russo negou categoricamente as acusações de ataques. "As mensagens e os vídeos divulgados nas redes sociais por Y. Prigozhin sobre supostos 'bombardeios do Ministério da Defesa russo contra as bases de retaguarda do grupo paramilitar Wagner' não correspondem à realidade e são uma provocação", afirmou o ministério em comunicado.

Militares 'se banham em seu sangue'

A tensão ocorre em meio à contraofensiva das tropas ucranianas para reconquistar territórios tomados pela Rússia desde o início da intervenção militar, em fevereiro de 2022.

Horas antes do surgimento da crise, Prigozhin afirmou que o Exército russo estava "se retirando" no leste e sul da Ucrânia, contradizendo as afirmações do Kremlin, para o qual a contraofensiva de Kiev fracassa. "As Forças Armadas ucranianas estão fazendo as tropas russas recuarem", declarou, em entrevista publicada no aplicativo Telegram por seu serviço de imprensa.

"Não há controle algum, não há vitórias militares" de Moscou, insistiu Prigozhin, acrescentando que os militares russos "se banham em seu sangue", referindo-se às grandes perdas sofridas pelas tropas regulares.

No entanto, autoridades na capital ucraniana, Kiev, informaram que alertas de defesa antiaérea foram ativadas e que explosões foram ouvidas no distrito de Solimanski.

Em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, também foram ouvidas explosões, enquanto outras províncias registraram lançamentos de mísseis.

Putin e seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmam, por sua vez, que o Exército está "repelindo" todos os ataques ucranianos. (Com informações da AFP)

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