A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que não há razão para interromper o uso da vacina contra a Covid-19 do laboratório britânico AstraZeneca, depois que vários países suspenderam a aplicação da mesma por temerem a formação de coágulos.
"A AstraZeneca é uma vacina excelente, assim como as outras que estão sendo usadas", afirmou em Genebra, na sexta-feira (12), a porta-voz da OMS, Margaret Harris, assinalando que qualquer preocupação com a segurança do imunizante deve ser investigada.
O Brasil aprovou o registro definitivo da vacina AstraZeneca, alegando que "a conclusão é de que os benefícios superam os riscos". A Anvisa admitiu que a vacina AstraZeneca pode causar distúrbios como dores de cabeça e diarreia e que "incertezas" podem levar, "com o tempo, a adequar o processo de fabricação", também realizado no Brasil com a Fiocruz. Mas "a conclusão é de que os benefícios superam os riscos", disse o gerente-geral de medicamentos da agência, Gustavo Mendes, em entrevista coletiva. “Não há risco previsível para a saúde da população relacionado ao uso da vacina”, afirmou.
Cautela na Europa
No começo da semana, a Áustria parou de administrar as doses de um lote de vacinas da AstraZeneca. A decisão foi tomada depois que uma enfermeira de 49 anos morreu vítima de "graves transtornos de coagulação", alguns dias após ser imunizada. Estônia, Lituânia, Letônia, Luxemburgo e Itália também deixaram de utilizar o lote.
Já a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) sugeriu o acréscimo de alergias graves à lista de possíveis efeitos colaterais da vacina da AstraZeneca, após a detecção de casos desse tipo no Reino Unido. A agência reguladora da União Europeia (UE) com sede em Amsterdã indicou, no entanto, que a vacina da AstraZeneca poderia continuar sendo utilizada.
Em seu comunicado, a EMA afirma ter "recomendado uma atualização da informação sobre o produto que inclua anafilaxia e hipersensibilidade (reações alérgicas) como efeitos colaterais".
Novo confinamento na Itália
Apesar da esperança gerada pelas vacinas, a Itália anunciou nesta sexta-feira um novo confinamento com o objetivo de frear o avanço da Covid-19. O governo do premier italiano, Mario Draghi, determinou um confinamento de 15 de março a 6 de abril nas regiões consideradas "vermelhas" e onde o número semanal de infectados superar 250 a cada 100 mil habitantes.
A Itália, que superou nesta semana a barreira de 100.000 mortes provocadas pela Covid-19, observa um forte aumento dos contágios e mortes, em grande parte devido à variante britânica do vírus. O país iniciou a campanha de vacinação no fim de dezembro, mas a distribuição continua lenta. Apenas 1,8 milhão de pessoas - de uma população de 60 milhões - receberam duas doses da vacina até o momento.
Otimismo nos EUA
Nos Estados Unidos, ao contrário, os espetaculares avanços na imunização deram ao presidente Joe Biden motivos para ser otimista e pensar que os americanos terão "boas chances" de celebrar o feriado de 4 de julho. O país, que fez pedidos suficientes para vacinar todos os adultos até o fim de maio, eliminará gradualmente as restrições de idade para que todos os adultos sejam vacinados até 1º de maio.
Líderes dos Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia se comprometeram a produzir 1 bilhão de doses de vacinas contra a Covid nesse último país até o fim de 2022.
Medos e homologações
A iniciativa irá fabricar, principalmente, a vacina americana da Johnson&Johnson, de dose única, que recebeu da OMS nesta semana a homologação de emergência. "Cada novo instrumento seguro e eficaz contra a doença é um passo a mais para o controle da pandemia", comentou o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A organização já homologou as vacinas Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford. Com a aprovação, a vacina da Johnson&Johnson poderá integrar o programa Covax, criado pela OMS, Aliança para as Vacinas (Gavi) e Coalizão para a Inovação no Preparo ante as Epidemias (Cepi) para distribuir vacinas aos países em desenvolvimento. Quatro países latinos já receberam doses através do Covax, anunciou a Organização Pan-Americana da Saúde. São eles: Guatemala, El Salvador, Peru e Colômbia.
A União Europeia também aprovou a vacina da Johnson & Johnson, o que poderá acelerar as campanhas de imunização.