Pânico

‘Ouvi o barulho da van atropelando as pessoas e corri’

Brasileira de 61 anos conta que sons do impacto na lataria pareceram durar uma eternidade

Por Thuany Motta
Publicado em 18 de agosto de 2017 | 03:00
 
 
 
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“Eu vi a van branca em alta velocidade e, quando ela passou por mim, comecei a escutar barulhos de batida, de impacto na lataria: eram as vítimas sendo atropeladas. Isso pareceu durar uma eternidade. A van parou a pouco mais de 30 m de onde eu estava”, contou, ainda muito nervosa, a arquiteta brasileira Márcia Davis, 61, moradora de São Paulo, em entrevista por telefone a O TEMPO. Ela estava na avenida Las Ramblas, no centro de Barcelona, no momento da tragédia que deixou 13 mortos e mais de cem feridos na tarde dessa quinta-feira (17).

Márcia conta que havia descido da estação de metrô e estava andando em direção ao Palácio de Música Catalanha.

“A avenida tem um corredor central que só serve para pedestres, tendo tráfego de automóveis nas laterais. O corredor estava completamente lotado de pessoas. Não dava para andar em linha reta. Não olhei para trás, mas vi muita gente começar a descer em direção à praia. Nunca corri tanto na vida”, afirma.

A brasileira diz que se lembrou do atentado em Nice, na França, quando um caminhão atropelou uma multidão em julho de 2016.

A arquiteta relata que houve uma gritaria generalizada e que as outras pessoas orientavam umas às outras a correrem na direção oposta.

“Foi quando virei uma rua à direita e entrei em um hotel. Liguei para a minha filha, que me buscou de táxi poucos minutos depois. Nesse meio tempo, muita gente passava pela rua ainda muito assustada e sem saber o que estava acontecendo”.

Durante a correria, Márcia acabou machucando levemente uma das pernas. “Não foi nada demais, graças a Deus. Estou inteira, é o mais importante!”. Apesar do susto, ela diz que não vai antecipar a volta ao Brasil, marcada para daqui a duas semanas.

Brasileiros. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, atualmente, Barcelona recebe uma média de 100 mil turistas brasileiro por mês, sem contar os 35 mil residentes, também segundo o órgão. Esse é o caso do comerciante Glauber Mota, 38. Ele mora na Espanha há 15 anos e trabalha numa tabacaria, situada a apenas 1,5 km do local do atentado terrorista.

Glauber conta que a maior parte do comércio central fechou as portas. “Assim que a notícia foi chegando sobre o atentando, os funcionários começaram a baixar as portas. Os poucos lugares abertos passaram a servir de parada para quem viveu o susto de perto”, explica.

A cidade está em estado de emergência e todos, conta Mota, estão apavorados. “Barcelona está parada. Estamos sendo orientados pelo governo a ficar dentro de casa até segunda ordem. Eu e minha esposa vamos, a partir desta sexta-feira (18), evitar lugares públicos e muito cheios, como a praia, até que a situação melhore”.

Para ele, o tratamento aos estrangeiros piorou depois do aumento de ataques terroristas à Europa. “Percebemos uma certa prepotência e até um cuidado excessivo quando estrangeiros frequentam a cidade, principalmente com aqueles que têm traços de origem muçulmana. Eles chegam a ser rechaçados na rua”, diz Mota.

Repercussão entre líderes mundiais

“Meus pensamentos estão com as vítimas do terrível ataque de hoje (17) em Barcelona e com os serviços de emergência. (...) O Reino Unido apoia a Espanha contra o terrorismo.”
Theresa May, primeira-ministra do Reino Unido
Fez a declaração no Twitter após o ataque de Barcelona.

“O ocorrido confirma uma vez mais a necessidade de uma união real dos esforços de toda a comunidade mundial em uma luta sem compromisso contra as forças do terror.”
Vladimir Putin, presidente da Rússia
Enviou um telegrama para o rei espanhol Felipe VI

Trump condena. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou seu Twitter para se pronunciar contra o atentado. “Os EUA condenam o ataque de terror em Barcelona, na Espanha, e faremos o que for necessário para ajudar. Fiquem firmes e sejam fortes, nós amamos vocês!”, escreveu. Depois, porém, ele defendeu a morte dos responsáveis. “Estudem o que o general (John) Pershing fazia com os terroristas que pegava. Não houve terrorismo islâmico por 35 anos!”. O militar capturou e matou 49 radicais islâmicos filipinos na Primeira Guerra Mundial.


Boleiros lamentam. O jogador brasileiro Neymar, recém-contratado pelo PSG, seu ex-companheiro de Barça, o argentino Lionel Messi, e o atacante português do Real Madrid, Cristiano Ronaldo, manifestaram sua consternação pelo ataque em Barcelona. “Que Deus conforte todas as famílias. #PrayForBarcelona te quiero BARCELONA”, escreveu Neymar no Twitter. “Consternado com as notícias que chegam de Barcelona. Todo o meu apoio e solidariedade à família e aos amigos das vítimas”, tuitou Cristiano Ronaldo. Messi usou o Instagram para enviar condolências e apoio às famílias e aos amigos das vítimas.

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