Pedido de desculpas

Papa Francisco inicia 'peregrinação penitencial' no Canadá por abusos da Igreja

Cerca de 150 mil crianças indígenas foram matriculadas em escolas residenciais, onde passaram meses ou anos isoladas de suas famílias, idioma e cultura

Por Agências
Publicado em 24 de julho de 2022 | 15:04
 
 
 
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O Papa Francisco partiu para o Canadá neste domingo (24) para uma visita de seis dias durante a qual se espera que ele peça desculpas aos sobreviventes indígenas de abusos em escolas residenciais administradas pela Igreja Católica. 

O pontífice argentino, de 85 anos, é esperado em Edmonton, no oeste do Canadá, às 11h20 no horário local (14h20 em Brasília), iniciando a primeira das três etapas de sua viagem. Depois, visitará Quebec e Iqlauit, a capital do território de Nunavut, cidade do norte do país, sobre o arquipélago ártico, antes de retornar na sexta-feira.

Antes de sua partida em Roma, o papa enviou uma mensagem no Twitter para seus "queridos irmãos e irmãs no Canadá". 

“Venho entre vocês para me encontrar com os povos indígenas. Espero que, com a graça de Deus, minha peregrinação penitencial possa contribuir para o caminho de reconciliação já iniciado. Por favor, acompanhe-me com a oração”, escreveu. 

A visita de seis dias será essencialmente dedicada às populações indígenas ameríndias que hoje representam 5% dos habitantes do Canadá e que são identificadas em três grupos: Primeiras Nações, Métis e Inuit.

Assimilação forçada

Estes últimos foram submetidos durante décadas a uma política de assimilação forçada, fundamentalmente através de um sistema de pensões para crianças, subsidiado pelo Estado, mas administrado principalmente pela Igreja.

Cerca de 150.000 crianças desses grupos foram matriculadas desde o final do século XIX até a década de 1990 em 139 escolas residenciais, onde passaram meses ou anos isoladas de suas famílias, idioma e cultura. Muitos deles foram abusados física e sexualmente por diretores e professores e até 6.000 morreram de doenças, desnutrição ou negligência. 

O Canadá está lentamente abrindo os olhos para esse passado descrito como "genocídio cultural" por uma comissão nacional de investigação.

"Esta visita histórica é uma parte importante da jornada de cura", mas "muito ainda precisa ser feito", disse George Arcand Jr., grande chefe da Confederação das Primeiras Nações do Tratado 6, na quinta-feira (21) em Edmonton. 

O pontífice argentino, que pretende reiterar as desculpas apresentadas em Roma às delegações canadenses que o visitaram em abril, também poderia fazer alguns gestos simbólicos, como a devolução de objetos de arte indígena preservados no Vaticano há décadas. 

Na manhã deste domingo, a cidade de Edmonton se preparava para receber Francisco, que teve que usar uma plataforma elevatória para embarcar em seu avião em cadeira de rodas no sábado.Com mais de dez horas de voo, é a viagem mais longa realizada pelo papa desde 2019. (AFP / Clement Melki con la oficina de Montreal)

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