Santa Sé

Papa realiza viagem pelo Mediterrâneo oriental para defender os migrantes

O pontífice ficará no Chipre de 2 a 4 de dezembro, para visitar a cidade de Nicósia, e na Grécia de 4 a 6 de dezembro, para visitar Atenas e Lesbos

Por AFP
Publicado em 30 de novembro de 2021 | 13:16
 
 
 
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O papa inicia na quinta-feira (2) uma viagem de cinco dias ao Chipre e à Grécia para mais uma vez promover a causa dos migrantes, que culminará na segunda visita de Francisco à ilha de Lesbos, um exemplo do drama migratório.

O pontífice ficará no Chipre de 2 a 4 de dezembro, para visitar a cidade de Nicósia, e na Grécia de 4 a 6 de dezembro, para visitar Atenas e Lesbos, de acordo com o programa divulgado pelo Vaticano. 

É também uma visita a dois países de religião ortodoxa, onde residem dezenas de milhares de católicos, por isso será abordada a complexa questão da relação entre as religiões. 

O pontífice fará 12 discursos e terá diversos encontros com líderes políticos e religiosos.

Francisco, que está prestes a fazer 85 anos e que passou por uma cirurgia no cólon em julho, às vezes parece cansado, mas não quer diminuir o ritmo das viagens. 

A 35ª viagem do papa ao exterior será marcada por seu retorno a Lesbos, a ilha que visitou em 2016 para levar esperança aos refugiados do Campo de Moria.

A questão é particularmente atual, devido às recentes tensões entre a União Europeia (UE) e Belarus sobre o uso de migrantes como reféns e a grave tragédia que ocorreu no Canal da Mancha, com 27 pessoas mortas quando tentavam atravessar da França ao Reino Unido em um barco. Foi a pior tragédia na área desde 2014.

Antes de celebrar uma missa em Atenas, o papa fará uma viagem relâmpago de ida e volta em 5 de dezembro a Lesbos, um dos pontos de entrada de imigrantes na Europa.

Naquela ilha do Egeu, localizada a menos de 15 km da costa turca, o papa lançou um pedido firme de solidariedade há cinco anos, afirmando que "somos todos migrantes!"

O papa fará "uma declaração humanitária, não tanto política. Ele quer sensibilizar os cidadãos europeus sobre a questão dos refugiados, porque o Mar Mediterrâneo está cheio de pessoas afogadas", disse Josif Printezis, o arcebispo católico das ilhas do Egeu. 

As autoridades gregas, por sua vez, aguardam "o reconhecimento do peso que o acolhimento de tantos migrantes representa para a Grécia" e pretendem "que a visita não se reduza apenas à dimensão migratória".

Em Atenas, o chefe da igreja Católica quer reativar o diálogo com os ortodoxos, que se separaram durante o chamado "Cisma do Oriente e Ocidente", em 16 de julho de 1054. 

No Chipre, onde deverá fazer "um apelo à unidade e à paz", Francisco será recebido pelo presidente Nicos Anastasiades e pelo arcebispo Crisóstomo II, primaz da igreja Ortodoxa local.

A ilha está dividida desde 1974 entre a República de Chipre, membro da União Europeia, e a autoproclamada República Turca do Norte de Chipre (TRNC), reconhecida apenas pela Turquia, um conflito que ainda está aberto. 

As negociações para chegar a um acordo estão paralisadas desde 2017, apesar dos repetidos apelos à reunificação.

O papa celebrará em Nicósia uma missa em um estádio e uma oração ecumênica com os migrantes perto da "linha verde", a zona desmilitarizada administrada pela ONU e que divide a cidade e a ilha em duas partes, outro gesto particularmente simbólico.

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