Após sanção

Presidente do Irã diz que Casa Branca é 'mentalmente retardada'

Tensão entre os países vem crescendo desde que Washington se retirou, no ano passado, de um acordo nuclear firmado com Teerã e outras potências em 2015

Por Folhapress
Publicado em 25 de junho de 2019 | 21:28
 
 
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O presidente do Irã, Hassan Rouhani, chamou a Casa Branca de "mentalmente retardada" nesta terça-feira (25), afirmando que as novas sanções anunciadas pelo americano Donald Trump contra o líder supremo iraniano, Ali Khamenei, são um sinal de desespero.
Também nesta terça, um secretário do governo iraniano afirmou que o país vai deixar de cumprir mais compromissos assumidos no acordo internacional sobre seu programa nuclear.

A tensão entre os países vem crescendo desde que Washington se retirou, no ano passado, de um acordo nuclear firmado com Teerã e outras potências em 2015.

Na segunda-feira (24), Trump assinou uma ordem executiva com sanções econômicas contra Khamenei e outras autoridades. A medida visa barrar o acesso de líderes iranianos a instrumentos financeiros, mas detalhes de como isso será executado ainda não foram divulgados.

Em um discurso transmitido pela televisão estatal, Rouhani disse que as novas sanções vão falhar porque Khamenei não possui nenhum ativo fora do país. "As ações da Casa Branca significam que é mentalmente retardada", afirmou. "A paciência estratégica de Teerã não significa que nós tenhamos medo."

Tal insulto contra o presidente americano já havia sido usado por alguns funcionários do regime iraniano, mas destoa do tom comedido que Rouhani vinha mantendo nos últimos anos.

Em resposta, Trump chamou o discurso de Rouhani de "ofensivo" e ameaçou revidar usando "grande e esmagadora força".
"A declaração muito ignorante e ofensiva do Irã, dada hoje, só mostra que eles não entendem a realidade. Qualquer ataque do Irã a qualquer coisa americana será enfrentado com grande e esmagadora força. Em algumas áreas, esmagadora significará eliminação", escreveu, em uma rede social.

Em 8 de maio deste ano, o Irã anunciou que deixou de respeitar dois compromissos do pacto e deu um ultimato de dois meses aos signatários europeus para ajudar a reverter as sanções impostas pelos EUA, ameaçando deixar de cumprir mais pontos do acordo.

Nesta terça, segundo a agência de notícias iraniana Fars, o secretário do Conselho Supremo Nacional de Segurança do país, Ali Shamkhani, afirmou que o Irã vai dar novos passos para reduzir mais compromissos a partir do dia 7 de julho.

Shamkhani disse que está "cansado da insolência" dos europeus e que eles não fizeram o suficiente para salvar o pacto atômico.
Em maio, quatro petroleiros da Arábia Saudita -aliada histórica de Washington- foram atacados, e os EUA afirmaram que era provável que o Irã fosse o responsável.

No início deste mês, dois navios petroleiros sofreram ataques no estreito de Hormuz, por onde passa cerca de um terço das exportações globais de óleo. Os EUA culparam o Irã, que negou a autoria.

Na quinta (20), agravando o cenário de tensão, o Irã abateu um drone espião americano que, segundo a versão do país, sobrevoava espaço aéreo internacional.

Mas Teerã afirma que a aeronave estava em espaço aéreo iraniano.
Em resposta, Trump chegou a ordenar ataques aéreos contra o país, mas mudou de ideia no último minuto ao ser informado de que 150 mortes poderiam ser causadas. Ele considerou a resposta desproporcional à derrubada do drone.

Em vez de um ataque convencional, o revide americano veio em forma de uma ofensiva cibernética que, segundo a imprensa americana, teria desabilitado sistemas computadorizados iranianos usados para controlar lançamentos de mísseis e foguetes. Contudo, o Irã considerou tais ataques um fracasso.

Os EUA afirmam não querer entrar em guerra. Trump disse estar aberto a conversas com líderes iranianos, mas Teerã rejeitou tal oferta a menos que Washington abandone as sanções.

Nesta terça, depois de ameaçar responder militarmente ao insulto vindo de Teerã, o presidente voltou a tentar mostrar disposição ao diálogo. Ele afirmou a repórteres na Casa Branca: "O que eles [iranianos] quiserem fazer, estou pronto. Mas eles precisam abandonar essa hostilidade de suas lideranças. Espero que essa liderança permaneça e faça um grande trabalho, mas eles precisam falar conosco pacificamente."

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