O presidente do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, deixou o país na madrugada desta quarta-feira em um avião militar com destino às Maldivas, após protestos generalizados contra ele, segundo relatos de autoridades locais.
O presidente de 73 anos, sua esposa e um guarda-costas deixaram o país a bordo de um avião Antonov-32 que decolou do principal aeroporto internacional, disseram autoridades da imigração à AFP.
Rajapaksa prometeu que renunciaria na quarta-feira, dia 13, e abriria o caminho para uma "transição pacífica" após os grandes protestos contra seu governo devido à gestão da crise sem precedentes no país. Mas no fim de semana, o presidente fugiu da residência oficial em Colombo pouco antes da invasão do local por milhares de manifestantes.
O chefe de Estado e sua esposa passaram a noite anterior à viagem que pretendiam fazer a Dubai em uma base militar, segundo fontes oficiais. No aeroporto, porém, os funcionários do serviço de imigração negaram acesso à sala VIP para carimbar seu passaporte. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação dos cingaleses.
Como ainda não renunciou, Rajapaksa se beneficia da imunidade presidencial e pode utilizá-la para buscar refúgio no exterior. Seu irmão Basil, que pediu demissão em abril do cargo de ministro das Finanças, também não conseguiu embarcar no avião com destino a Dubai.
Basil, que tem dupla nacionalidade, precisou obter um novo passaporte depois que deixou o seu na mansão presidencial quando a família foi obrigada a fugir antes da invasão da multidão furiosa, afirmou uma fonte diplomática.
De acordo com fontes oficiais, na residência foram encontradas uma mala repleta de documentos e 17,85 milhões de rupias (50.000 dólares), que foram entregues às autoridades.
Rajapaksa é acusado de péssima gestão da economia, o que levou o país a um cenário de caos e uma crise profunda por falta de divisas, o que torna impossível financiar as importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.
O Sri Lanka declarou moratória da dívida de 51 bilhões de dólares em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo. Além disso, o país quase esgotou suas reservas de combustível e o governo ordenou o fechamento das administrações não essenciais e das escolas para reduzir os deslocamentos.
Se Rajapaksa renunciar como prometeu, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe o substituirá até que o Parlamento escolha um presidente interino para o restante de seu mandato, que termina em novembro de 2024.
(AFP)