Surto

Restrições se estendem na China e no mundo para conter coronavírus

Cerca de 500 pessoas em 20 países já morreram por causa da epidemia

Por AFP
Publicado em 05 de fevereiro de 2020 | 17:00
 
 
 
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A quarentena e as restrições se intensificaram nesta quarta-feira (5) na China e no resto do mundo para tentar controlar a epidemia de pneumonia viral que já matou cerca de 500 pessoas e se espalhou por vinte países.

Após a quarentena em toda a cidade de Wuhan e na província de Hubei (centro), epicentro do novo coronavírus, que afeta 56 milhões de pessoas, um número crescente de cidades do leste da China impõem restrições aos deslocamentos a outras dezenas de milhões de pessoas.

Em Wuhan, as autoridades admitiram uma falta "severa" de leitos, "equipamento e material" e que os médicos estão sobrecarregados.

A OMS pediu nesta quarta 675 milhões de dólares à comunidade internacional e anunciou o envio a 24 países de 500.000 máscaras cirúrgicas e 350.000 pares de luvas, assim como 250.000 kits de detecção do vírus para mais de 70 laboratórios de todo o mundo.

A fundação Bill e Melinda Gates se comprometeu nesta quarta-feira a investir 100 milhões de dólares na luta contra o novo coronavírus, dos quais US$ 60 milhões serão consagrados à busca de uma vacina, tratamentos e utensílios de diagnóstico.

Aumenta o balanço de vítimas

Ao menos 490 pessoas morreram pelo vírus 2019-nCoV na China continental (sem contar Hong Kong e Macau), a maioria em Hubei, segundo o mais recente balanço oficial.

Mais de 24.000 casos foram confirmados no país, entre eles, um bebê de um dia de vida, segundo a imprensa estatal chinesa.

Cerca de 200 casos foram confirmados fora da China continental em cerca de 20 países e territórios autônomos chineses, entre eles Hong Kong, que registrou seu primeiro morto nesta terça-feira.

Sob pressão, as autoridades de Hong Kong fecharam na prática todas as passagens fronteiriças com o restante do país e vão impor a partir de sábado uma quarentena de duas semanas a todos os visitantes provenientes da China.

No Japão, 3.700 pessoas de dezenas de nacionalidades estão em quarentena por 14 dias em um navio de cruzeiro após se descobrir que dez pessoas tiveram resultado positivo para exames de detecção do vírus. E em Hong Kong, os 1.800 passageiros de outros cruzeiros estavam retidos.

Ruas desertas

Na China, onde as medidas de confinamento se intensificam, várias cidades da província de  Zhejiang (leste), a várias centenas de quilômetros de Wuhan, decretaram novas restrições a deslocamentos.

Em Hangzhou, uma metrópole tecnológica e turística, 150 km a sudoeste de Xangai, que registrou 200 casos, interrupções de ruas impediam a circulação até a sede da gigante do comércio online Alibaba, e a cidade só autoriza a saída de uma pessoa por residência a cada dois dias para se abastecer.

"Por favor, não saiam! Não saiam! Não saiam!", repetia um alto-falante em Hangzhou, exortando o uso de máscaras, lavar as mãos regularmente e reportar qualquer caso em Hubei, ante o temor de que infecte outras pessoas.

Em Zhumadian, Henan, província fronteiriça com Hubei, apenas uma pessoa por residência pode ir à rua a cada cinco dias e compensações financeiras são prometidas a quem denunciar pessoas procedentes de Hubei.

"Devemos adotar medidas drásticas para combater e eliminar todo tipo de ação perturbadora realizada por forças hostis", informou nesta quarta o ministério de Segurança Pública.

Diante das fortes críticas por sua gestão da crise, o governo reconheceu "erros".

Wuhan, cujo sistema de saúde está sobrecarregado, recebeu na terça-feira os primeiros doentes em um novo hospital construído em dez dias e que conta com mil leitos.

Outro hospital deste tipo abrirá as portas em breve, enquanto outros oito edifícios eram adaptados para receber os doentes.

Airbus paralisada

Paralisada pelas restrições e praticamente isolada do mundo, a economia chinesa poderia sofrer as consequências durante muito tempo. As férias por ocasião do Ano Novo se estenderam até o próximo fim de semana em várias províncias e as fábricas ficarão fechadas até pelo menos 9 de fevereiro.

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, assegurou nesta quarta que a propagação do novo coronavírus chinês adiciona uma "nova dose de incerteza" ao crescimento econômico.

A fabricante europeia de aviões, Airbus, anunciou nesta quarta-feira que sua cadeia de montagem do A320 em Tianjin, perto de Pequim, continuará fechada por tempo indeterminado.

Diante do avanço da epidemia, os organizadores dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que serão realizados entre 24 de julho e 9 de agosto, disseram estar "extremadamente preocupados".

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