Pesquisa de opinião realizada pela consultoria D'Alessio/Berensztein depois do anúncio do ex-presidente mostrou que 67% o apoiam. Para 50%, a decisão favorecerá Bullrich; para 30%, Larreta. A pouco mais de seis meses da eleição, o movimento de Macri aumenta a pressão para que o principal grupo adversário, a Frente de Todos, também limpe o terreno para que seus eleitores fechem o foco nas candidaturas.
A Frente de Todos é o grupo que hoje governa a Argentina. Entre os possíveis candidatos constam o presidente da República, Alberto Fernández, a vice-presidente, Cristina Kirchner, e o atual ministro da Economia, Sergio Massa.
O incumbente Fernández e a popular (para o bem e o mal) Cristina seriam os candidatos naturais. Mas, com a economia derretendo, ambos --sobretudo Cristina-- temem uma vergonhosa derrota do peronismo.
Não fosse essa relação amistosa e de confiança com Massa, o fundo já poderia ter cancelado parcelas de desembolso de dólares ao país pelo não cumprimento de metas, estrangulando ainda mais a economia.
Sem confiança de investidores, o governo não consegue se financiar vendendo apenas títulos no mercado. A solução tem sido imprimir pesos, recurso altamente inflacionário e insustentável.
É nesse sentimento que o pré-candidato radical e deputado Javier Milei aposta. Vendendo-se "contra tudo e contra todos", a figura exótica e meticulosamente descabelada de Milei pode dar à Argentina um radicalismo que o país ainda não experimentou; e que EUAe Brasil vivenciaram com Donald Trump e Jair Bolsonaro.
Até aqui, pesquisas eleitorais mostram o grupo Juntos por el Cambio com cerca de 38% das intenções de voto, o governista Frente de Todos com 34%, e Milei com cerca de 20%. Embora seis meses pareçam pouco tempo até as eleições, o período certamente é longo demais para o novo ritmo de descontrole que a economia argentina vem ganhando. Mais do que qualquer outra coisa, é isso que deverá definir o voto em outubro.
(Fernando Canzian/Folha Press)