Igualdade

Suíça aprova casamento de pessoas do mesmo sexo em referendo

O sim venceu com 64% dos votos, de acordo com o resultado final anunciado pelo governo federal, e prevaleceu em todos os cantões do país, incluindo nos mais conservadores

Por AFP
Publicado em 26 de setembro de 2021 | 15:19
 
 
 
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A Suíça se juntou à maioria dos países da Europa Ocidental ao aprovar o casamento igualitário em um referendo realizado neste domingo (26). O "sim" venceu com 64% dos votos, de acordo com o resultado final anunciado pelo governo federal, e prevaleceu em todos os cantões do país, incluindo nos mais conservadores.

Este resultado superou claramente as previsões das pesquisas anteriores a esta votação, a que se opôs em particular o partido populista UDC e alguns grupos religiosos.

"É um dia histórico". A fórmula estava na boca de todos no QG dos simpatizantes do "sim", em um restaurante de Berna, enfeitado com bandeiras do arco-íris, onde se reuniram cerca de 250 pessoas.

"O resultado de hoje é um reflexo da mudança de mentalidade que ocorreu nos últimos 20 anos, é realmente um reflexo de uma aceitação muito ampla e importante das pessoas LGTB na sociedade", disse Olga Baranova, porta-voz do comitê do sim.

Para Deborah Heanni, integrante do coletivo "Libero", que apoiou a campanha pelo sim, "é um dia de grande festa, de vitória após oito anos de campanha".

Os primeiros casamentos entre casais do mesmo sexo poderão ser celebrados a partir de 1º de julho de 2022, indicou Karin Keller-Sutter, conselheira federal responsável pela Justiça.

Cartazes chocantes
À medida que se aproximava o pleito, o campo do não liderou uma campanha fortemente voltada para o bem-estar da criança, seu desenvolvimento e a importância, a seu ver, do casal formado por um pai e uma mãe. 
Cartazes chocantes deploravam a mercantilização da criança e afirmavam que "o casamento para todos mata o pai".
Em um deles, um bebê foi retratado chorando, com uma etiqueta na orelha geralmente reservada ao gado, e a pergunta: "Bebês sob encomenda?".
Em outro, uma enorme cabeça de zumbi, supostamente representando um pai falecido, encara os transeuntes. Uma escola primária em Valais até decidiu cobri-lo porque assustava as crianças.
Os casais homossexuais já podem firmar um pacto civil na Suíça, e neste domingo os cantões que antes se opunham parecem ter votado a favor da união homossexual 16 anos depois.
O novo texto prevê, em particular, que casais do mesmo sexo podem adotar uma criança em conjunto. Além disso, os casais de mulheres poderão recorrer à doação de esperma para engravidar. Este era um dos pontos mais polêmicos.
Benjamin Roduit, conselheiro nacional (deputado), do partido do Centro, comentou no canal público RTS que para ele o casamento para todos entre adultos não é um problema.
Por outro lado, disse que temia que as portas fossem abertas ao acesso à doação de esperma para casais de lésbicas. "O sucesso da nossa campanha pode ter sido ter tematizado a criança no PMA (procriação medicamente assistida)", declarou.

Iniciativa 'Robin Hood' 
Por outro lado, segundo as estimativas do instituto gfs.bern, os eleitores rejeitaram em grande parte uma segunda proposta que lhes foi apresentada, lançada por jovens do Partido Socialista, com o lema "O dinheiro não trabalha, você sim!". 
Foi rapidamente apelidada de iniciativa "Robin Hood" e obteve 34% de respostas positivas.
A iniciativa previa que a remuneração do capital - juros, dividendos, por exemplo - fosse tributada 1,5 vez mais que a remuneração do trabalho.
Estava prevista uma isenção deste imposto na ordem de, por exemplo, 100.000 francos por ano, mas as receitas fiscais adicionais seriam utilizadas para reduzir a tributação das rendas baixas e médias ou para financiar benefícios sociais como creches, subsídios à saúde ou formação, segundo o site dos apoiadores desta proposta. As pesquisas apontam a derrota da iniciativa.

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