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Taiwan aumenta período do serviço militar obrigatório e cita ameaça da China

Tensão é provocada porque o governo chinês considera a ilha um território próprio que deve ser recuperado no futuro, inclusive pela força

Por Agência
Publicado em 27 de dezembro de 2022 | 09:21
 
 
 
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Taiwan anunciou nesta terça-feira (27) uma ampliação do serviço militar obrigatório, de quatro meses para um ano, e citou a ameaça da China como justificativa. A ilha de governo democrático vive sob a ameaça de uma invasão da China, cada vez mais beligerante, que a considera um território próprio que deve ser recuperado no futuro, inclusive pela força.

A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, anunciou o aumento do período de serviço militar para todos os homens nascidos a partir de 1º de janeiro de 2005 em uma entrevista coletiva, após uma reunião do governo sobre a segurança nacional. "Ninguém quer a guerra ... mas meus compatriotas, a paz não vai cair do céu", afirmou Tsai Ing-wen.

"O atual serviço militar de quatro meses não é suficiente para enfrentar uma situação que muda de maneira rápida e constante", disse. "Nós decidimos restaurar o serviço militar de um ano a partir de 2024", afirmou a presidente, antes de destacar que "as intimidações e ameaças (da China) contra Taiwan estão se tornando cada vez mais evidentes".

A perspectiva de uma invasão chinesa preocupa cada vez mais Taipé e seus aliados ocidentais, em particular desde o início da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia. Durante a presidência de Xi Jinping, a China intensificou as ações beligerantes contra a ilha.

Separada de fato da China continental desde 1949, Taiwan seria amplamente superada em um conflito hipotético, com 88.000 soldados contra mais de um milhão do Exército de Pequim, segundo as estimativas do Pentágono. A China também supera a ilha em equipamentos militares.

O serviço militar obrigatório era muito impopular em Taiwan, porque recordava a ditadura que comandou o país por muitas décadas. O governo anterior reduziu o período de um ano para quatro meses com o objetivo de criar uma força principalmente voluntária.

Pesquisas recentes mostram, no entanto, que mais de 75% dos taiwaneses consideram o período muito curto. Tsai admitiu que a ampliação é "uma decisão extremamente difícil (...) que permitirá assegurar o modo de vida democrático para nossas futuras gerações".

"Só conseguiremos evitar a guerra se nos prepararmos para uma guerra. E só podemos impedir uma guerra se tivermos capacidade de combater uma guerra".

A perspectiva de uma invasão chinesa preocupa cada vez mais os países ocidentais e muitos vizinhos da China. Xi Jinping, o presidente chinês mais autoritário em décadas, já afirmou que o que Pequim chama de "reunificação" de Taiwan não pode ser deixado para as futuras gerações.

Taiwan e China se dividiram após a Guerra Civil da China em 1949. Tsai já declarou que a reintegração a Pequim não é aceitável para a população da ilha. O terreno montanhoso da ilha é desafiador para uma força invasora, mas a China supera amplamente Taiwan em soldados e armamento.

A ilha aumentou o treinamento de reservistas e a compra de aviões de combate e mísseis para fortalecer suas defesas, mas os especialistas consideram que isto é insuficiente. "Pelo nível de ameaça e o exemplo da Rússia na Ucrânia, espero que a população taiwanesa entenda que estas medidas são necessárias", disse J. Michael Cole, analista que mora em Taipé. (AFP)

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