O presidente Donald Trump pediu ao Congresso que investigue as escutas "com potencial motivação política" de seus telefones durante a campanha eleitoral de 2016, informou a Casa Branca neste domingo (5).
O anúncio acontece um dia depois que Trump usou o Twitter para acusar seu antecessor Barack Obama de grampear seus telefones antes das eleições de novembro, sem, no entanto, fornecer qualquer tipo de prova dessa acusação, negada por um porta-voz do ex-presidente.
O texto divulgado por Sean Spicer alude a relatórios - não especificados - de investigações politicamente motivadas um pouco antes das eleições, e os classifica de muito preocupantes.
O comunicado conclui que não haverá mais comentários sobre o tema por parte da Casa Branca nem do presidente. "Terrível! Acabo de saber que Obama fez escutas telefônicas na Trump Tower um pouco antes da vitória", tuitou o presidente às 5 horas da manhã de sábado. "Isso é macartismo", acrescentou.
"Eu aposto que um bom advogado poderia levar adiante um caso pelo fato de que o presidente Obama grampeou meus telefones em outubro, antes da eleição!", insistiu Trump no Twitter.
"Como o presidente Obama caiu tão baixo a ponto de grampear meus telefones durante o sagrado processo eleitoral. Isso é Nixon/Watergate. Cara ruim (ou doente)!", assinala em outro tuíte. O porta-voz de Obama, Kevin Lewis, rebateu a acusação imediatamente.
"Nem o presidente Obama nem nenhum funcionário da Casa Branca ordenaram espionar qualquer cidadão americano", afirmou Lewis, em nota à imprensa.
Mais cedo, o ex-vice conselheiro de Segurança Nacional de Obama, Ben Rhodes, já havia tuitado que "um presidente não pode ordenar grampos telefônicos, essas restrições foram estabelecidas para proteger os cidadãos de gente como você".
Em princípio, apenas a Justiça poderia autorizar esse tipo de ação. David Axelrod, outro ex-assessor de Obama, disse que apenas um tribunal poderia autorizar escutas dessa natureza apenas se houvesse justificativa para tal.
"Se tivesse havido a intervenção de que @realDonaldTrump denuncia ruidosamente, essa ordem tão extraordinária poderia ter sido autorizada apenas por um tribunal com causa justificada", alegou.
Em sua maioria, os republicanos preferiram se manter em silêncio sobre a última denúncia de Trump, mas o senador Lindsey Graham comentou que "se estiver certo, seria o maior escândalo político desde Watergate".
Os tuítes de Trump foram postados em meio a uma avalanche de revelações sobre os contatos entre funcionários russos e seus colaboradores mais próximos, entre eles o recém-empossado secretário da Justiça, Jeff Sessions, o caso mais recente.
O presidente negou reiteradas vezes que tenha vínculos pessoais com o Kremlin, e seus assessores negam, ou minimizam, esses contatos.
As acusações continuam, porém, em vazamentos quase diários na imprensa, que revela novos detalhes dos laços entre Moscou e nomes do alto escalão do governo Trump.
As últimas revelações sobre contatos do entorno de Trump com autoridades russas fizeram o presidente americano contra-atacar, afirmando que seus adversários políticos estão empreendendo uma "caça às bruxas" sobre suas supostas relações com Moscou.